O aposentado Paulo Rempel, 52, comprou uma cabana em um camping de Forquetinha faz cerca de duas semanas. Morador de Lajeado, conheceu o lugar por meio de uma prima e se encantou com a proximidade da natureza, a estrutura e a tranquilidade do rio.
“Eu ia para a praia em janeiro, mas cancelei a viagem para ficar por aqui. Na praia não tem árvore”, brinca. Conforme Rempel, nos fins de semana, a cabana de um quarto recebe oito pessoas da família.
“É um ótimo lugar para fazer churrasco, reunir os amigos ou apenas tomar um chimarrão e relaxar na rede.”
A fonoaudióloga da FundeF, Fabiola Pereira Cardoso, 50, também prefere o veraneio à beira do Rio Forqueta. “Tenho uma casa na praia, mas a natureza daqui não tem igual.”
Ela é proprietária de uma casa no local faz mais de dez anos. Ao lado do namorado, Gelson Esteves, também faz trilhas em busca de cachoeiras na região. “Estamos pensando em comprar um caiaque para conhecer melhor o rio.”
Maurício da Silva, 30, morador do bairro Moinhos, em Estrela, frequenta os balneários e campings da Linha São Jacó, segundo ele, um dos pontos mais tranquilos para veranear no Vale do Taquari. “Frequento desde os 14 anos e hoje levo meus filhos.”
Morador do Boa União, Erick Prates, 23, vai quase todos os fins de semana para a Cascata Santa Rita, aberta ao público. Segundo ele, apesar da dificuldade de acesso, o local é muito frequentado por famílias que garantem a limpeza e o recolhimento de lixo.
Essas são apenas algumas das dezenas de áreas de lazer e balneários possíveis de serem visitadas no Vale do Taquari. Rodeada por montanhas, rios e cachoeiras, a região oferece inúmeras opções para curtir o veraneio sem a necessidade de percorrer grandes distâncias.

Para fugir do calor, famílias procuram os campings. Nos rios e cascatas, é preciso atenção para evitar acidentes
Tradição
Conhecida como capital dos campings, Marques de Souza já teve oito estabelecimentos do tipo. Hoje apenas quatro se mantêm na atividade, sendo que um deles só permite a entrada de proprietários e convidados.
Pioneiro na cidade, Germano Hepp é proprietário de um estabelecimento desde 1981. Ele decidiu abrir o negócio diante das dificuldades de se manter com a atividade rural. Conforme Hepp, a inspiração veio do outro lado do Rio Forqueta.
“Atravessando a pinguela, fica o primeiro balneário da região, do Irineu. Fui olhar, achei bonito e vi que também podia fazer”, lembra. Aos poucos, o agricultor foi montando a estrutura. No segundo ano de funcionamento, o camping já ficava lotado.
A ideia de construir casas surgiu por sugestão dos frequentadores, que queriam mais conforto para passar a noite. Depois das primeiras cinco cabanas, outras 20 pessoas entraram na lista de espera por mais unidades. “Cada ano eu ia fazendo algumas, e pedia o aluguel adiantado para poder pagar as construções.”
Durante 30 anos, Hepp investiu praticamente todo o dinheiro na construção de novas cabanas. Chegou a ter 49 unidades, mas 42 foram levadas pela enchente de 2010. “Em uma hora, perdi o serviço de três décadas.”
A tradição das cabanas nos campings às margens do Forqueta iniciou com João Irineu Rockenback, 71. A ideia surgiu em 1976. Com dificuldades financeiras, ele aproveitou a movimentação de pessoas nas terras da família no distrito de Forqueta, em Arroio do Meio, e passou a vender bebidas no local.
“Num dia de Natal, coloquei num isopor com gelo, cerveja e refrigerante e me sentei ali. Assim comecei”, lembra. Com o dinheiro das vendas, o agricultor começou a montar a infraestrutura. Segundo ele, a construção das duas primeiras casas para alugar, em 1979, fez a movimentação expandir.
“Todo mundo começou a pedir casa e assim fomos crescendo”, aponta. A enchente de 2010 também trouxe prejuízos. Rockenbach perdeu 11 casas e uma área antes utilizada para acampamento com barracas, que não são mais permitidas.
Cuide-se
•Escolha um local adequado e seguro
• Permaneça sempre próximo à margem
•Não entre em águas poluídas ou em locais com sinalização de perigo
•Nunca nade sozinho
•Não entre na água após ingerir bebidas alcoólicas ou fazer refeições pesadas
•Nunca salte de locais elevados
•Não deixe crianças sozinhas
•Não nade ou fique próximo de embarcações
•Evite brincadeiras na água
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br | Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br