Natural de Nova Bréscia, cidade registrada no Guinnes Book com o churrasco mais longo da história, Mario Schena, 60, dedica mais de meia vida para preparar a iguaria gaúcha. Há apenas dez meses no comando dos espetos de um restaurante do centro de Lajeado, conquistou a freguesia – pelo tempero e pela simpatia.
• O senhor aprendeu o ofício em Nova Bréscia?
Não, ali quase não tem churrascaria. Fui aprender mesmo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também trabalhei em Porto Alegre e em Estrela. Em São Sebastião do Caí, fui patrão. Tive uma churrascaria lá por 23 anos, a Vera Prata. Era espeto corrido e servíamos cerca de 700 almoços por dia. Comecei como funcionário e acabei como patrão daquele que era meu chefe no início.
• E por que fechou?
O negócio não deu mais certo. Eu tinha a churrascaria em sociedade, mas daí começamos a nos desentender e tivemos que vender, em 2002. Não foi fácil voltar a ser funcionário. Mas fazer o quê? Vamos erguer a cabeça e seguir em frente.
• O senhor costuma lidar com as pessoas quando elas estão com fome, ou seja, quando estão menos pacientes. O que faz para manter o bom humor?
Eu já saio de casa com esse pique, pensando em ter o bom humor, em transmitir alegria. Trabalhar com pessoas é o meu divertimento. Devagarinho, vou conquistando. Até quando eles falam alemão, eu entendo tudo, pois lá em São Sebastião do Caí, pegando aquela área de Feliz, de Bom Princípio, é região de alemão. Ficava com as anteninhas erguidas quando eles falavam e fui aprendendo.
• Qual carne os lajeadenses mais pedem?
Aqui, sai bem a picanha, o vazio e a costela minga. Já os pontos variam. As mulheres costumam pedir mais o frango bem passado. Asso uns 90 quilos de carne por dia.
• O que é preciso para ser um bom churrasqueiro?
É preciso ter amor ao serviço, pois sem amor não sai nada. O segredo para dar o gosto na carne de gado é o sal. Tem que largar o sal por cima, sem colocar a mão na carne. O peito de frango, eu tempero de um dia para o outro. E na hora de comprar, tem que sempre cuidar a validade. Se ficar na temperatura errada, a carne pode desbotar e ficar meio azulada.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br