A raiz dos males de uma sociedade está na injustiça. É diante dela que perdemos o controle, brigamos com quem amamos, lançamos mão da nossa própria razão e deixamos o sangue fervente coordenar nossas ações. A injustiça, por vezes, pode até ser resultado de nossos deveres coletivos. E o novo Plano Diretor de Lajeado está repleto desses exemplos.
É sempre interessante falarmos de direitos e deveres coletivos. Muitos questionam um possível excesso de direitos em detrimento às nossas obrigações como cidadãos. Um questionamento questionável. Quase que tendencioso por parte de quem o faz, mas com um tom de razão, dependendo da forma como se pergunta.
Não faço ideia se no conjunto geral da obra social humana temos mais direitos ou deveres. É muito complexo. Um dever só, o de pagar impostos, por exemplo, nos dá uma gama de direitos. Por outro lado, o direito deste jornalista expressar opiniões impõe também uma série de deveres. Éticos, morais. De respeito para com o leitor.
O direito concedido às pessoas que dirigem veículos também lhes custa uma série de deveres. Desde o pagamento absurdo dos valores cobrados por uma CNH até as severas e inúmeras leis de trânsito. No trânsito, também devemos respeitar os direitos dos pedestres. E eles, da mesma forma, têm a obrigação de tomar uma série de cuidados.
Direitos e deveres andam juntos. Sempre andaram e assim será. Assim como sempre haverá o debate sobre qual desses se sobressai. E os resultados dessa dúvida não serão indistintos. Cada caso é um caso. Ainda mais quando estamos falando de injustiças.
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Nesta semana, o governo de Lajeado apresenta o estudo do novo Plano Diretor. As informações sobre prováveis mudanças no zoneamento e na ocupação do solo em determinados bairros já provoca faíscas. Os ruídos são bem claros. E por vezes fogem bastante do cunho político, algo saudável para o momento, mas tão ou até mais preocupante para o Executivo.
Toda a mudança imposta causa desconforto, é compreensível. E são casos diversos, distintos, em que parece sempre haver razão em ambos os lados da moeda. Como exemplo, podemos citar a tentativa do Executivo de autorizar a instalação de uma gama maior de comércios e serviços na face da av. Alberto Müller, no bairro Alto do Parque.
Esta mudança gera fortes críticas por parte de muitos que compraram, investiram e fizeram os planos de vida dentro de um bairro familiar, com pouco comércio, sem barulho, baderna ou movimentação. Enfim, sem qualquer fator contrário ao sossego proporcionado aos moradores naquela região da cidade. E a notícia de que tais fatores podem vir a atormentar a vida daquela comunidade impactou.
E agora? O que deve prevalecer? O direito dos moradores daquele bairro de seguirem agraciados com o sossego, o silêncio e a pouca movimentação, ou, diante desse estudo do Plano Diretor, que sugere tal mudança em prol da cidade, deve prevalecer o dever coletivo daquela comunidade? E que tal o inverso: devemos apoiar o direito que o prefeito tem para decretar tal mudança, ou vamos defender o dever do mesmo prefeito de ouvir e atender o clamor daqueles moradores contrários?
Conflitos semelhantes ocorrem e vão ocorrer em outros bairros. Em Carneiros, a zona urbana vem engolindo uma das últimas áreas rurais do município. É o tal progresso trazendo benefícios e prejuízos. Trazendo modernidade e atrasos. E em cada caso há sempre direitos, deveres e, claro, injustiças.
É quase sempre uma faca de dois gumes. Mas as retóricas, quase sempre respeitáveis até então, devem se adequar ao coletivo neste caso. Não há como fugir disso quando falamos de um Plano Diretor. E justamente por isso, também, o Executivo deve se preocupar tão somente com o coletivo para evitar maiores injustiças.
Segurança em Lajeado
O secretário de Segurança Pública de Lajeado, Paulo Locatelli, realiza um trabalho importante na área. Principalmente por dar sequência a uma série de programas e tecnologias iniciadas na gestão do ex-prefeito, Luís Fernando Schmidt (PT). Na semana passada, iniciou o sistema de reconhecimento facial na cidade, capaz de identificar, por imagem, rostos de criminosos, foragidos e até desaparecidos. Virou case para o estado!
O BRDE, o Novo e a Acil
A palestra de Mateus Bandeira, abordando o tema “As oportunidades para 2018”, foi uma promoção da Acil de Lajeado. O que chama a atenção é que ele é pré-candidato ao governo do Estado e, diante dos espectadores, utilizou o espaço para enaltecer o Partido Novo. Como o evento é patrocinado por – entre outros – o Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), integrantes de outros partidos perguntam se haverá o mesmo espaço para demais candidatos.
13º salário, assessores e as diárias
O eleitor, com o advento da internet e o acesso aos até então restritos dados sobre gastos do poder público, vem se tornando cada vez mais um agente fiscalizador. E a tolerância anda próximo do zero. Na semana passada, fui interpelado novamente para falar sobre 13º salário dos vereadores de Estrela. Não tem jeito. O presidente da câmara vai autorizar o pagamento.
Tal descalabro com o dinheiro público também ocorrerá em Lajeado. E deverá seguir nos três anos mais desta legislatura, conforme um conveniente acordo entre quem mais é beneficiado. Da mesma forma, estamos sendo cobrados para cada vez mais avaliar o trabalho dos assessores e os gastos com diárias. Com essas, foram R$ 150 mil gastos no Vale só este ano.
Tiro curto
– Moradores do residencial Novo Tempo I, em Lajeado, mandam reclamações. A síndica já teria pedido para deixar o cargo duas vezes em função de problemas sociais. Entre as queixas, o entra e sai de desconhecidos no local;
– Em função do jogo deste sábado, entre Grêmio x Real Madrid, pela final do Mundial de Clubes, o trajeto da Rústica de Natal em Lajeado foi modificado para não haver problemas entre corredores e torcedores do tricolor;
– Em Estrela, moradores cobram mais atenção do poder público para com o excesso de terrenos baldios tomados pelo capim;
– Na mesma cidade, o PDT vem se estruturando “de cantinho” para lançar um candidato a prefeito em 2020. O primeiro passo, segundo alguns líderes do partido, é reforçar a base e acertar os nomes para a câmara de vereadores;
– Credores entraram na Justiça para cobrar dívidas referentes à campanha política do PT para majoritário, em 2016, em Lajeado. O atual presidente, que assumiu só este ano, não quer pagar essa conta;
– Em Arroio do Meio, líderes comunitários elogiam o trabalho do novo comando da Brigada Militar. Está feito o registro!
– Prefeito de Taquari, Maneco (PT) avisa que o posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) permanecerá na cidade, no mesmo local onde se encontra hoje, nas Amoras. Boa quinta-feira a todos!
Entender a sua própria individualidade é um desafio do ato de viver na coletividade.
Yhulds Bueno
