Casal argentino cruza o estado até o litoral de SC

Lajeado - aventura de bicicleta

Casal argentino cruza o estado até o litoral de SC

Músicos levam na garupa uma barraca e as duas filhas, as gêmeas Killay e Aruma, de apenas 3 anos

Casal argentino cruza o estado até o litoral de SC
Lajeado

Motivados pelo desejo de conhecer a vasta natureza característica do Amazonas, o casal de músicos André Tomatis, 24, e Sol Ibañez, 21, deixou a Argentina em outubro rumo ao Brasil.

Em vez de pedir carona, como já fizeram tantas vezes, decidiram viajar de bicicleta. Dessa forma, explicam, o trajeto se torna menos cansativo para as gêmeas Killay e Aruma, 3. Elas viajam na garupa e dividem as magrelas também com roupas, itens de artesanato e instrumentos musicais.

A família entrou em terras brasileiras por Uruguaiana e já passou por Santa Margarida do Sul, Alegrete, Rio Pardo e Santa Cruz do Sul, de onde conseguiu carona até Lajeado. Chegou na maior cidade do Vale no início da semana. Com a permissão do dono de um estacionamento, instalou a barraca às margens do Rio Taquari.

conexão_01

É conquistando os moradores locais ou apelando ao poder público e fazendo alguns trabalhos braçais que eles conseguem um cantinho para pernoitar e tomar banho. Até agora, a maior dificuldade tem sido enfrentar as regiões de morros em dias de calor. Pedalam cerca de 30 quilômetros por dia, mas ainda contam com a boa vontade dos motoristas para conseguir percorrer distâncias mais longas.

O tempo de permanência em cada cidade varia, mas não costuma passar de uma semana. Eles afirmam que estão com vistos de turista, com validade de três meses, e não sabem se a renovação é simples. Por enquanto, pretendem seguir em direção a Santa Catarina, onde passarão um tempo no litoral.

Viajantes faz anos, os dois se conheceram na estrada. Costumam percorrer o interior da Argentina expondo as peças de artesanato e fazendo música. Ela é de La Pampa e ele, de Rosário. Ambos têm família na Argentina. Adeptos de uma vida mais saudável e menos consumista, comem pouca carne e muitos grãos e frutas.

Essa escolha facilita um estilo de vida nômade, principalmente com duas crianças pequenas. Na Argentina, eles moram em uma comunidade ecológica, em San Javier. Por isso, a família está conseguindo se virar no Brasil com R$ 20, em média. Geralmente, trocam refeições por apresentações musicais. “Aqui tem muitas frutas. Gostamos muito de banana, lá não tem”, comenta Sol.

“Vivemos o momento”

O casal elogia a receptividade dos brasileiros que, até agora, foram acolhedores com a família. “Eles ficam emocionados quando nos conhecem”, afirma ela. O objetivo é comprar uma Kombi para seguir na estrada. Sobre a adaptação das filhas, os pais dizem que elas estão nessa rotina desde poucos meses de vida, por isso, aprenderam a apreciar. “Elas estão acostumadas”, resumem.

Contudo, os dois têm consciência de que as meninas deverão fixar residência quando entrarem para a escola. No próximo ano, as gêmeas completam 4 anos, idade mínima para entrar na Educação Infantil argentina. Porém o casal ainda não sabe se vai ou não permanecer no país de origem. “Vivemos o momento. Mas nosso sonho é morar em uma comunidade autossustentável, com bastante natureza”, conta Tomatis.

Para ele, um dos maiores problemas da Argentina é o favorecimento aos mais ricos em detrimento dos pobres. Cita o conflito entre latifundiários e o povo mapuche, tribo que ocupa a região da Patagônia. “O nosso governo já matou pessoas para poder vender as terras aos EUA”, acusa. “Não podemos considerar isso certo. Somos todos humanos. Ricos, pobres, com dread e sem dread.”

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais