Nosso Natal é sempre esse “carnaval”

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Nosso Natal é sempre esse “carnaval”

Carnaval não significa, exatamente, uma bagunça. Carnaval é um grande alvoroço com charme. Por vezes, com o devido requinte que essa festa, cuja história nos remonta às ruas de Paris ou Veneza, merece. O Carnaval é uma das maiores obras culturais do nosso Brasil. Mas seu nome também é sinônimo de confusão. Em Lajeado, a gente insiste em fazer do nosso Natal um tremendo “carnaval”.
Vem sendo assim nos últimos anos. E a cada outubro ou novembro, a muvuca parece sempre se agitar pros lados da Secretaria de Cultura, setor responsável pela inexplicavelmente polêmica decoração natalina. Parece uma mandinga sobre os responsáveis pelo setor. Ora culposa. E por vezes é puro azar, mesmo, apesar da boa vontade.
Para contextualizar, vamos voltar ao ano de 2010. Naquele período natalino, uma empresa especializada em captar recursos via Lei Rouanet foi chamada para aprimorar o evento Natal Lajeado Brilha. Foram arrecadados pouco mais de R$ 120 mil, dos quais R$ 70 mil partiram dos cofres da prefeitura. Tal projeto foi alvo de averiguação do MinC por falta de prestação de contas.
Um ano depois, uma confusão ainda maior. Novamente com a Lei Rouanet no meio. E novamente com a mesma e enrolada empresa, contratada por R$ 7,8 mil para produção do evento Natal Brilhante 2011. Foi um dos maiores tiros no pé da história natalina de Lajeado, digamos assim. Foi um caos.
O primeiro erro foi contratar o show do padre Fábio de Melo e anunciar, no cartaz do espetáculo, a participação do MinC, via Lei Rouanet. A legislação não permite o patrocínio de eventos de cunho religioso com o uso desses recursos. Por sorte, era apenas um erro no cartaz. Por azar, de algum lugar teria que sair o dinheiro para pagar o padre.
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A Secretaria de Cultura utilizou, então, recursos reservados ao pagamento da decoração natalina. Gastou tudo com o padre, acreditando que, via Lei Rouanet, conseguiria angariar recursos para pagar a empresa responsável pelas luzinhas, pinheirinhos e afins. Grave erro. Dois, aliás. Além de não conseguir os valores por meio da Rouanet, a lei sequer permite gastar com decoração natalina.
Achou ruim? Tem mais! Após o imbróglio vir a público, todos descobriram que a empresa contratada para instalar as luzinhas, pinheirinhos e afins sequer havia firmado contrato com o poder público. Foi tudo no boca a boca. No aperto de mão camarada. Licitação? Nem cogitaram. Foi definido no improviso. Tudo isso em 2011.
Meses depois, a câmara acabou autorizando um pagamento retroativo de quase R$ 170 mil à empresa lajeadense que, apesar dos pesares, prestou o serviço de locar, instalar e manusear as luzinhas, pinheirinhos e afins, que, tal como os de hoje, não me chamaram a atenção. Não pela beleza, ao menos.
Desde então, houve polêmica em 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. Ora pelo mau gosto da decoração, ora pelos altos custos. Sempre houve e sempre haverá reclamação. Este ano, cada uma daquelas 32 árvores instaladas na av. Benjamin Constant – junto com alguns penduricalhos – custou a “bagatela” de R$ 3,5 mil. É caro, sim. Aliás, é muito caro.
Mas, não fosse assim tão caro, haveria refutação da mesma forma. Tal como no rotativo, no estacionamento privado do shopping, nos quebra-molas, nas concentrações de jovens ou no próprio Carnaval. Afinal, o lajeadense é sempre difícil de agradar.


Univates e a saúde

A reitoria da Universidade do Vale do Taquari convidou todos os vereadores de Lajeado para uma reunião-almoço na próxima terça-feira, a partir das 11h30min, horas antes da sessão plenária do Legislativo. O encontro será no auditório do prédio 22 da instituição. Na pauta, o projeto de lei que repassa a gestão da saúde do município para a Univates. Hoje, está sob responsabilidade do Instituto Continental de Saúde (Icos).


Avenida até Santa Clara do Sul

Está em planejamento um projeto de ampliação da av. Benjamin Constant, entre os bairros Conventos e São Bento, nas proximidades do Aterro Sanitário de Lajeado. O objetivo do governo de Lajeado é unir esforços com o município vizinho de Santa Clara do Sul, para implementar uma nova interligação entre as cidades. Hoje, há poucos caminhos. E só um desses está devidamente asfaltado.


Tiro curto

– Em Estrela, tudo indica que o atual presidente do Legislativo, Ernani de Castro (PMDB), autorizará o pagamento de um 13º salário aos nobres parlamentares. Na Justiça, ex-vereadores cobram o valor retroativo. É uma farra;
– Sábado, em Bom Retiro do Sul, na abertura do Natal Regional, o vice-prefeito, Eder Ciceri, foi anunciado para subir ao palco do espetáculo junto com outras autoridades. Cadeirante, ele não conseguiu subir em função da falta de estrutura adequada;
– Aliás, a relação entre o vice e o prefeito anda para lá de ruim. Faz poucos dias, alguns CCs indicados por Ciceri foram desligados do poder público;
– Miss Brasil 2012, a taquariense, Gabriela Markus, do PMDB, pode estar rumando para o Partido Progressista (PP) para concorrer à deputada estadual;
– Na sexta-feira, dia 15, ocorre a tradicional festa de Natal da Clínica Central, em Lajeado;
– Também em Lajeado, fornecedores de serviços prestados em campanha de reeleição ainda aguardam pagamento;
– Governo de Marques de Souza não conseguiu aprovação do projeto que instituía taxa de iluminação pública. Perdeu por 7×2 na câmara;
– Em Estrela, a rigidez da vigilância sanitária pode acabar com o sonho de algumas candidaturas em 2020. Ao mesmo tempo, a venda de espetinhos no “parcão” segue rolando. Boa quinta-feira a todos!

“Justamente aquelas coisas que provocam mais medo são menos temíveis.”
Sêneca

 

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