A demora para ser concluída a obra de duplicação de 33 km da BR-386, entre Tabaí e Estrela, é o retrato clássico do marasmo e da ineficiência que acomete o serviço público no país.
Desde o início dos trabalhos, em 2010, já são sete longos anos de espera. A sobreposição de desculpas e alegações ao longo desse tempo comprovam o quanto a burocracia exagerada e a falta de um planejamento adequado comprometem o resultado final.
No dia do lançamento da obra, em agosto de 2010, pomposa cerimônia ocorreu às margens da rodovia, com participação inclusive, por meio de videoconferência, do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Empolgados com a garantia de liberação de dinheiro dentro do prazo estabelecido e com todas as questões legais alinhadas, os diretores do consórcio vencedor da licitação, projetaram a conclusão de todo trecho em até três anos. Ledo engano. Nem o dobro de tempo foi suficiente para concluir um serviço que já devia fazer parte da história do Vale do Taquari.
A mais recente previsão do Dnit, de concluir a obra no fim deste mês, também será descumprida. Até o excesso de chuva entrou na lista de desculpas, que já teve índios, licenças ambientais e falta de dinheiro.
A incapacidade do governo federal, em liderar obras de infraestrutura está cada vez mais maior. Por essa razão – ainda que não seja convincente – erguem-se os processo de privatização, entre eles o da BR-386. Uma vez concluída a duplicação entre Tabaí e Estrela, ainda restam extensos 300 quilômetros de pista simples, dessa que é uma das rodovias mais perigosas do RS.
A promessa de duplicação do trecho a partir de Lajeado até Iraí, está condicionada a reinstalação de pedágios em toda a sua extensão. Diante de tamanho marasmo e enrolação para concluir os 33 quilômetros de obra, a privatização surge como alento, desde que o Ministério dos Transportes tenha sensibilidade para estabelecer tarifas adequadas e coerentes nas praças de pedágio projetadas. Além disso, que o contrato de privatização não contenha os mesmos erros e vícios de origem verificados no modelo de concessão que explorou os gaúchos por longos 15 anos.
Editorial
Retrato do marasmo
A demora para ser concluída a obra de duplicação de 33 km da BR-386, entre Tabaí e Estrela, é o retrato clássico do marasmo e da ineficiência que acomete o serviço público no país. Desde o início dos trabalhos, em…