Nara de Oliveira e Souza é artesã e tem 71 anos. Encontrou na atividade uma forma de se manter ativa na melhor idade. Desde 2003, atua na Casa do Artesão. Foi presidente da entidade e busca alternativas para valorizar o trabalho do grupo.
• Quando começou a trabalhar com artesanato?
Depois que me aposentei. Antes trabalhava nos correios e telégrafos, em Porto Alegre. Foi apenas neste momento que percebi que não poderia ficar parada. Durante toda vida, trabalhava para sobreviver. Gostava do que fazia, apesar de não ter muitas oportunidades de crescer. Mas era um compromisso muito sério que me motivava. Então disse, que não ficaria parada em casa.
• Nestes mais de 15 anos, quais foram os desafios enfrentados pela associação?
A Casa do Artesão passou por um período de pouca valorização. As administrações anteriores tratavam o artesanato como se fosse uma coisa menor e não valorizavam como sendo um trabalho e uma forma de se expressar. Consideram que isso era um meio de subsistência, voltado apenas para as pessoas buscar dinheiro, mas não é. A produção representa uma responsabilidade. Eu quero vender, mas não é esse o objetivo principal. A associação passou por períodos difíceis porque não tinha tanto respaldo. Hoje está melhor.
• O que provocou essa melhora?
Hoje temos apoio para manter nosso espaço. Uma lei nacional exige de nós a apresentação de projeto, documentos e a realização de uma série de etapas, mas garante essa parceria com o Poder Público. Vamos dar cursos nas escolas e em troca receber esse apoio para manter a Casa.
• As pessoas valorizam o artesanato?
Não. O pessoal viaja para outros países e traz artesanato destes locais, mas nem conhece nosso espaço, não valorizam o trabalho da cidade. Muitas pessoas daqui vão até Estrela, compram produtos de artesãos de Lajeado, sem saber que é produzido aqui.
• O que é necessário fazer para estimular a valorização do artesanato local?
Precisamos diversificar mais. Hoje tem modismos e, com isso, não se investe em variedades. Ouvimos muito, que as coisas estão muito repetitivas. Precisamos nos aperfeiçoar.
• A juventude se interessa pelo artesanato?
Não. As redes sociais aproximaram pessoas que estão distantes e afastaram aquelas que estão próximas. Jovens abaixo dos 30 anos, estão distantes dessa forma de manifestação criativa que apresentamos aqui.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br