Emancipado em 28 de dezembro de 1995, o município cortado pela BR-386 chega aos 22 anos com o desafio de traçar novas estratégias para alavancar a economia. Depois de enfrentar em 2010 a pior enchente da história e perder, em 2013, uma das maiores fontes de receita – o pedágio da rodovia federal – a cidade retorna às origens a fim de estabelecer um novo futuro.
Responsável por 75% da economia, a produção de aves, suínos e leite sempre foi a principal fonte de renda do município. O objetivo, a partir de agora, é inovar para agregar valor à essência colonial. Por isso, além de incentivar a qualificação dos filhos de agricultores no Colégio Agrícola Teutônia e adquirir R$ 2 milhões em máquinas, a intenção da administração é investir no turismo comunitário.
Os primeiros passos já foram dados, diz o prefeito Edmilson Dörr, o “Brida”. Responsáveis por campings, agroindústrias e outros pontos turísticos do município passam por treinamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a fim de aprender técnicas de recepção a turistas.
“As belezas naturais estão aqui, o bom trabalho é feito, mas precisamos aprender a receber, para quem sabe até aumentar o número de visitantes. Hoje chega a dobrar a população no verão”, afirma o prefeito.
O município também iniciou o processo de desapropriação de mais de seis hectares entre a BR-386, ao lado do Camping do Stackão, até a ponte de acesso a Travesseiro, na orla do Rio Forqueta. No local, será construído um espaço aberto para lazer. “Queremos investir em cultura, desporto, belvederes para apreciar o rio. É um projeto macro a ser encaminhado a partir do próximo ano.”
O segredo, para Brida, é aproveitar o que Marques de Souza já tem. “Precisamos usufruir dessa proximidade com a BR-386, e atrair as pessoas para a cidade.” Todos os dias, cerca de 18 mil veículos passam pelo local. “Pode ser um propulsor da economia de Marques, só precisamos explorar melhor”, aponta o prefeito.
Turismo no interior
Além das iniciativas públicas, o projeto Passeios na Colônia, em parceria com a Amturvales e empresas privadas, trabalha pelo turismo da cidade. No dia 17, inaugura o primeiro passeio autoguiado em Tamanduá. No local, os visitantes encontrarão pontos históricos, belas paisagens e infraestrutura para passear a qualquer horário, afirma o responsável pelo projeto, Alício de Assunção. “Precisamos segurar as pessoas aqui, oferecer algo, mas com condições de infraestrutura”, resume.
Renovar para crescer
Edvino Claas, 85, reside em Marques de Souza faz 62 anos. Na época, o local pertencia a Lajeado, chamava-se Neu Berlin da Forqueta, tinha dezenas de habitantes, dois carros e dois caminhões, lembra o antigo morador. Natural de Sinimbu, ele se mudou para o Vale do Taquari com o propósito de exercer ser professor. Recém-formado, lecionou na extinta Escola Evangélica Marques de Souza, onde hoje funciona a Escola Estadual de Ensino Médio Ana Neri. Anos depois, deixou a docência, mas não o município.
Construiu novos negócios e trabalha como taxista faz 40 anos. Conhecido pela comunidade, decidiu participar do movimento emancipacionista a fim de trazer mais desenvolvimento ao local. “Lajeado tinha muito interior para cuidar, e nós acabávamos ficando sem assistência”, relata.
Depois de quatro anos de batalha, várias idas a Porto Alegre e Brasília, o grupo presidido por Nilvo Ruben Ritter conseguiu autonomia. “Progrediu muito desde então. Se não fosse o município, não teria nada aqui”, comenta.
Ele acredita que a evolução, daqui em diante, depende dos investimentos em agricultura, mas também do embelezamento da cidade. Pavimentação e espaços de lazer são necessários. Mas o preponderante é renovar as lideranças. Claas ainda é presidente da Sociedade Escolar Marques de Souza e do Consepro, além de ser tesoureiro de associação de moradores da cidade. “As pessoas não estão mais interessadas. Acho que é preciso dar incentivos para que gostem de morar aqui.”
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br