Há poucos dias, a coluna fez um alerta sobre a oferta de propina que rolava nos bastidores, envolvendo a futura sede do Legislativo de Lajeado. A fonte foi baseada no testemunho de dois vereadores. O texto alertava para o fato e os riscos.
A reação foi imediata. O presidente Waldir Blau e os vereadores Sérgio Kniphoff e Ernani Teixeira usaram do expediente da câmara para condenar a forma como a coluna abordou o tema. Blau foi mais enfático e ameaçou processar o jornal por permitir tais publicações, as quais classificou de “mentirosas”.
Inconformado, encaminhou correspondência ao jornal, pedindo a presença deste colunista, para uma reunião com os vereadores e revelar a fonte da informação.
Finalmente, as agendas se encontraram nessa terça-feira, antes da sessão semanal. O encontro, na sala da presidência, teve a presença da maioria dos vereadores e alguns assessores.
Obviamente, que a revelação da fonte não se deu. Primeiro, por que os autores pediram sigilo e, em segundo, por que o jornalista tem o direito ao sigilo da fonte assegurado na Constituição.
Ainda assim, surpreendeu a maneira equilibrada como fui recebido e questionado. Talvez o tempo transcorrido tenha esfriado os ânimos e ampliado algumas percepções ou informações entre os vereadores.
Mas o que importa foi o alto nível da conversa, e a maneira civilizada como todos falaram, ouviram e se posicionaram. E é sobre isso que pretendo discorrer hoje:
Por alguns instantes, apesar de sozinho em uma sala cheia de políticos, me senti à vontade para debater e falar sobre malversação do dinheiro público. Foi um papo reto e direto. As cobranças e questionamentos pontuais não impediram expor os diferentes pontos de vista.
Via de regra, no senso comum, existe a generalização de que nenhum político presta.
Tirando a estratégia político-partidária, testemunhei afirmações coerentes, e certo grau de humildade em reconhecer a necessidade de o Legislativo lajeadense recuperar e fortalecer sua credibilidade. Se não todos, a maioria está empenhada em promover tais avanços.
Talvez resida nesta abertura dada pela maioria uma interpretação diferente. O fato de a câmara de Lajeado se importar com as notícias publicadas e querer explicações é um sinal positivo.
A demonização da política brasileira decorre muito em virtude da indiferença dos políticos. Mas ela também nasce da incompreensão e da falta de interesse popular. Muitas vezes, a indiferença está em ambas as partes.
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Por isso, retomo o assunto nesta coluna: em respeito às reações e preocupações manifestadas pelos vereadores. Afinal, ignorar reações como essas me faria cometer o erro da generalização.
Fiz cobertura de sessões legislativas durante mais de 15 anos. Testemunhei muita bobagem, politicagem, e também presenciei ações e condutas coerentes. E a reunião de terça-feira me fez lembrar de alguns momentos positivos nesta caminhada pelas câmaras.
O amigo e publicitário Gilberto Soares, conselheiro aqui da casa, um dia me disse: “se não concordas com algumas condutas ou ações da sociedade, então envolva-te, reaja e ajude a mudar aquilo que não concordas”. E isso é um fato.
Então, se quisermos políticos melhores, teremos de assumir a nossa parte, partir para o enfrentamento saudável e nos envolver no debate necessário.
A experiência da reunião com os vereadores de Lajeado, nessa terça-feira, me deu certa esperança de quem nem tudo está perdido. Entretanto, é vital cada um de nós cidadãos assumir posição e participar com ideias, sugestões ou críticas, de modo que essas cheguem ao destino certo.
Muitas vezes, os vereadores não tomam decisões melhores por que nós cidadãos somos indiferentes e não nos posicionamos.
Espero que tenha feito a minha parte em relação ao assunto da nova sede legislativa.
Simbologia do Assinante Solidário
A entrega de R$ 150 mil pelo jornal A Hora, por meio do projeto Assinante Solidário, vai muito além do valor. Traz à luz uma reflexão importante sobre nossa responsabilidade social enquanto empresários, profissionais em geral e cidadãos.
O A Hora faz um esforço enorme, mas sua convicção não é menor. O gesto vai além dos recursos financeiros em prol de 3,2 mil crianças. É uma demonstração de que uma sociedade melhor é possível com ações e atitudes incomuns.
O Show Solidário deste domingo também celebra o espírito solidário de outras empresas e pessoas conscientes de quão fundamental se faz a responsabilidade social.