A comunidade de São Cristóvão, no bairro Boa União, celebra meio século neste domingo, 3. A data será marcada com missa festiva, a partir das 10h. Também haverá inauguração do monumento em alusão aos 50 anos da pedra fundamental da igreja católica local. Ao meio-dia, haverá almoço a R$ 20. Neste sábado, às 18h, a missa será presidida pelo padre Pedro Neori Theisen.
O monumento é um presente do professor de História aposentado Ivo Leo Hammes, 72. Em dois blocos de pedras de areia, ele reproduziu um livro aberto, com o registro da data de fundação da comunidade, 3 de dezembro de 1967, e o primeiro nome da mesma: Sagrada Família. Na segunda página, escreveu “Por, com, em Cristo”.
Cada pedra pesa cerca de 200 quilos e trabalhou nelas desde agosto, conta Hammes. Usou um espaço nos fundos da igreja, para facilitar a logística, já que o monumento foi instalado ao lado do templo. Mesmo fora das salas de aula, ele não deixou de se dedicar à história da região onde decidiu fixar residência há mais de 30 anos. “Essa comunidade surgiu com a BR-386, a estrada da produção, como se dizia.”
Primeira obra
Essa é a terceira doação do tipo que ele faz para a igreja. A primeira foi uma pia batismal. Começou a trabalhar no item em 2003 e entregou para a Páscoa do ano seguinte. Uma bacia fixada apenas pelo peso em um pedestal é usada na primeira cerimônia religiosa que a maioria das crianças de família católica participam.
A inspiração veio quando ele estava em uma missa e recebeu um folheto com uma ilustração da ocasião em que João Batista batizou Jesus Cristo no Rio Jordão. Hammes reproduziu a imagem no pedestal. A pomba representa o Espírito Santo e os raios solares, a voz de Deus, ao dizer “Esse é meu filho amado”, conforme narra a Bíblia.
Em 2013, registrou em pedras a passagem dos 25 anos da paróquia. Com as ferramentas feitas a partir de molas de Fuscas encontradas em ferros velhos, talhou três pedras. A superior, em forma de um pergaminho de couro. Com a ajuda de uma foto aérea tirada da internet, reproduziu o trevo de Estrela na do meio. Na inferior, escreveu o nome dos padres que até então passaram pela paróquia.
Atrás, na parte voltada para as portas da igreja, eternizou uma frase que adotou como lema: “Viver é uma graça”. “A vida é um presente, mesmo que esteja indo para o fim.”
Cultura
Apesar de se considerar uma pessoa religiosa, Hammes diz que as doações à igreja são mais relacionadas ao aspecto cultural. Foi professor de História em Progresso, Encantado e Estrela, e aprendeu a valorizar as culturas locais.
Estudou nos seminários de Taquari e Imigrante e considera os templos do interior fontes de cultura. “Os cemitério antigos também são locais de muita arte. Hoje está tudo muito artificial, a começar pelas flores”, avalia.
Apesar de ter habilidade em trabalhar com madeira há muito tempo, a rotina da docência não deixava brechas para esse tipo de lazer. Apenas depois de se aposentar, em 1998, fez um curso de restauração de bens culturais e começou a se dedicar à manufatura.
Hoje, aproveita o espaço de sua chácara, o Recanto do Velho Guabiju, para fazer esse tipo de obras. Além de madeira, usa muito pedras de areias. Segundo Hammes, são fartas na região, portanto, baratas.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br