“Para alguns sou quase uma psicóloga”

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“Para alguns sou quase uma psicóloga”

Loraci Silvana Griesang, 62, trabalha como taxista faz 20 anos. Ela é proprietária de um ponto no centro de Lajeado, e coordena outros quatro motoristas. Em média, faz 30 corridas por dia, de segunda a sábado. Apaixonada pelo que faz,…

“Para alguns sou quase uma psicóloga”

Loraci Silvana Griesang, 62, trabalha como taxista faz 20 anos. Ela é proprietária de um ponto no centro de Lajeado, e coordena outros quatro motoristas. Em média, faz 30 corridas por dia, de segunda a sábado. Apaixonada pelo que faz, não pensa em parar.
• Por que escolheu essa profissão?
O meu marido foi taxista por muitos anos, mais de 20. Porém, ficou doente, e precisou fazer um transplante de rim. A cirurgia não deu certo e ele morreu. Ali que eu comecei a trabalhar. Peguei o carro dele, e comecei a atender as pessoas. Na época, eu tinha carteira, mas nunca tinha feito uma corrida. Trabalhei sempre em outros serviços. Mas não foi difícil de chegar até ali, porque o ponto já era nosso. Bastava eu tentar. Comecei e deu certo.
• Como é o dia a dia?
No início não tinha tanta clientela, então,trabalhava menos. Mas hoje faço cerca de 16 horas por dia. Começo bem cedo. Às vezes, tenho passageiro 5h15min. E vou noite adentro. A maioria dos passageiros é do sexo feminino, das mais novas até 90 anos. É tudo questão de confiança. Uma passa o telefone para a outra, é a melhor propaganda. Tem pessoas até de fora que lembram de me chamar quando vem para cá.
• Há preconceito por ser mulher? E qual o diferencial do sexo feminino ao volante?
Há 20 anos, quando comecei, ainda tinha. Mas hoje já é mais normal, com motoristas de ônibus, caminhão. Na época, eu consegui relevar. Quanto ao diferencial, acredito que seja o cuidado. Esses dias, busquei um senhor no Ceat e ele começou a falar o quanto era bom andar com nós. No Rio de Janeiro, também havia sido transportado por uma mulher, e gostou muito. Dizia: vocês mulheres são muito cuidadosas. É tudo tranquilo. Sempre recebo vários elogios.
• Qual sua avaliação sobre o trânsito de Lajeado?
Depende do horário, muda tudo. Deixa de ser tranquilo, e fica tumultuado. Eu fico muitas horas no trânsito, então, precisa ter paciência. Nosso centro é pequeno, então, dificulta. Tem muito automóvel e pouco espaço.
A parte boa é que toda hora temos passageiros diferentes. Converso com pessoas diferentes, ouço histórias diferentes. No momento que eles te conhecem, revelam a vida para ti. Para alguns sou quase uma psicóloga. Eles dizem: eu precisava conversar com alguém e você me ouviu. Às vezes é melhor contar seus problemas para alguém estranho, como para mim, do que para a família.

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