O aeródromo regional foi reinaugurado ontem. Liberado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde o início de setembro, o espaço abre expectativas para novos negócios. Empresários e representantes do Executivo e do Legislativo presentes na cerimônia acreditam que a volta dos pousos e decolagens pode ser um caminho para a chegada de novos investimentos à região.
Proprietário da empresa GBF, Valdir Federhen foi um dos responsáveis pela desinterdição. Em conjunto com outros empresários, aplicou recursos no cercamento, aterro, regulamentação do terreno, instalação de portões, entre outras ações necessárias à segurança.
Conta que aceitou o convite do prefeito Rafael Mallmann para participar do projeto. A dificuldade para trazer clientes e fornecedores ao Vale afetava o negócio. “As pessoas precisavam vir até Porto Alegre, e lá tínhamos que ir buscá-las. Isso ficava complicado”, relata.
Mas, além dele, Federhen sabe que o empresariado em geral da região precisa de serviços do tipo. “É algo necessário à maioria, para facilitar o dia a dia.” Hoje ele tem um avião de pequeno porte, mas não pretende obter um hangar no local. Mesmo assim, o objetivo futuro é auxiliar na ampliação e asfaltamento da pista, hoje coberta por grama.
Chefe do Departamento de Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplade), Guilherme Engster, foi o responsável pelos encaminhamentos burocráticos na Anac, com assessoria da Aerofacill, de Canoas. Desde janeiro, trabalhava para fornecer os documentos necessários à agência. Agora, ele deve auxiliar nos próximos encaminhamentos para melhorias no aeródromo, que recebe aeronaves com até 12 passageiros.

Empresários e agentes públicos participaram da reinauguração e acreditam que a volta das atividades facilite a busca de investimentos à região
Melhorias no aeródromo
Nos próximos dias, o Executivo encaminha para a câmara de vereadores projeto de lei solicitando a autorização de uma licitação para concessão de uso dos quatro hangares já existentes no aeródromo e a liberação de novas áreas para construção de outros quatro galpões. A edificação ficará por conta dos vencedores do certame. Eles também deverão pagar aluguel pelos espaços. Valor que será usado no pagamento de guardas 24 horas.
“Ainda estamos definindo o edital, mas já se sabe que a concessão dos hangares terá duração de dez anos, podendo ser prorrogada por outros dez”, explica Engster.
A previsão do prefeito para abertura da licitação é janeiro. Até lá, o Executivo também deve trabalhar para homologação da ampliação da pista, junto à Anac. Se liberada, dos 568 metros, a área de decolagem passará a quase um quilômetro. O aumento permitirá o pouso de aeronaves de maior porte, com até 20 passageiros.
Depois, o plano é asfaltar o local. O projeto será feito pela Aerofacill. “Com a falta de tempo, a aviação não é luxo, mas necessidade dos grandes empresários. E também nos abre a porta para buscar novos investimentos. É mais um atrativo do Vale.” A administração do local ficará por conta do Clube de Aviadores do Vale do Taquari, o que também deverá ser autorizado pela câmara.
Futuro para a aviação
O empresário de Lajeado, Donald Johann, 75, é dono de um hangar. Apaixonado por aviação desde a infância, construiu um hangar em Linha São José há mais de 30 anos, em 1986.
Ele ocupava o local para fins profissionais, mas hoje só usa o espaço para o hobby de pilotar. Mesmo quando a pista estava interditada, fazia a manutenção do local, junto ao amigo Loreno Kalsing, que instalou um hangar no aeródromo na mesma época.
Hoje, o sobrinho dele, Vitor Francisco Kalsing, toma conta do local. “Meus avós cuidavam do antigo aeródromo de Estrela.”
O fascínio pela aviação está no sangue, reforça. “Sempre queríamos melhorar esse lugar, e o mantivemos para uso próprio. Mas nosso sonho é que evolua, cresça, para que contribua na economia da região.”
Assim como Johann, Kalsing também usa o local para lazer. Mas seu objetivo é aproveitar a liberação do local para se profissionalizar na aviação.
Estuda para ser piloto comercial e vê possibilidade de ganhos com a infraestrutura. “Se surgir alguma vaga, poderei pilotar para os empresários daqui”, planeja.
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br