Depois de um diagnóstico elaborado pelo Centro de Excelência e Inovação em Políticas Públicas (Ceipe), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Secretaria de Educação (SED) projeta mudanças na rede de ensino em 2018.
O governo espera criar 400 vagas na Educação Infantil, unificar o calendário e criar uma grade curricular única. Turmas aglutinadas serão extintas. A proposta será executada no próximo ano.
Com isso, pelo menos 131 estudantes do 7º, 8º e 9º ano das escolas Capitão Felipe Dieter, bairro Imigrante; Oscar Koefender, das Nações; Pedro Welter, Floresta; e Vitus André Mörschbächer, Universitário; terão que concluir o Ensino Fundamental em outra instituição.
A secretária Vera Plein garante que todos terão vagas. Nas instituições com turmas encerradas, o município projeta implementar turno integral. “Temos um projeto audacioso que pretende tornar Lajeado referência nacional em educação. Não conseguimos alcançar esse objetivo se não propuser algumas alterações”, frisa o prefeito Marcelo Caumo.
Disparidade na rede
Segundo ele, o estudo verificou problemas nas escolas de Ensino Fundamental. Entre eles, grade curricular diferente e períodos com carga horária diferenciada. A partir de agora, todos os períodos terão 55 minutos e oferecerão as mesmas disciplinas. A discrepância entre as escolas provocava maior procura de vagas em alguns locais em detrimento de outros.
Atendimento especial
Com as 400 novas vagas, o governo espera atender a espera. Hoje 637 crianças aguardam por vaga. Na Educação Infantil, o trabalho pedagógico será priorizado no turno da manhã. “O diagnóstico apontou que alguns alunos não estavam passando por esse acompanhamento, e estavam sendo assistidos apenas pelos monitores.”
As atividades recreativas se concentrarão no turno da tarde. Com a mudança, pode ocorrer alteração nos horários e locais de trabalho dos monitores.
Remanejo preocupa
As alterações foram publicadas na quinta-feira,16, no Diário Oficial. Profissionais foram avisados na sexta-feira pela equipe diretiva de cada escola. A falta de informações provocou inconformidade por parte dos funcionários, pais e alunos.
A monitora da escola de Educação Infantil Jeito de Criança, Janara Azevedo Silva, afirma que as mudanças ferem direitos e alteram a rotina dos profissionais. “Essa proposta rebaixa os monitores em relação aos professores. A recreação também faz parte da formação pedagógica das crianças.”
O remanejo e a troca de turnos preocupa alguns servidores, pois alguns trabalham em outra atividade no horário oposto. “Eu e outras três colegas vamos ser prejudicadas. Uma colega vai perder a bolsa na faculdade por conta disso.”
Falta de diálogo
Ontem à tarde, um grupo foi até a câmara para cobrar esclarecimentos. Na oportunidade, o prefeito e a secretária de Educação apresentavam mudanças aos vereadores.
Na avaliação de Carlos Ranzi (PMDB), o governo deveria ter ampliado o diálogo com os servidores. “Para evitar esse transtorno, teria sido melhor ter apresentado as mudanças para os servidores. Isso trouxe muitas dúvidas e poderia ter sido esclarecido antes.”
Para o petista Sérgio Kniphoff, as mudanças tiram a autonomia das escolas. Ele citou o processo de elaboração do plano municipal, produzido há três anos com ampla participação da comunidade escolar. Para esclarecer o assunto aos funcionários, ele protocolou pedido de audiência pública.
Caminhos diferentes
As alterações apontam para um modelo de educação uniforme. Durante o governo passado, um consultor também foi contratado para avaliar o modelo educacional. Na oportunidade, foi proposta a criação de currículos personalizados, baseados nas áreas potenciais de cada escola.
Segundo Caumo, a próxima etapa será voltada à formação dos professores. A ideia é levar para sala de aula, cada vez mais cedo, acesso a tecnologias.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br