Energia limpa avança no campo

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Energia limpa avança no campo

Investimento para instalar sistema fotovoltaico varia entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, com vida útil de 25 anos. Alta carga tributária e falta de informação e de normas para a instalação de painéis limitam o crescimento do setor

Energia limpa avança no campo

Desde as últimas semanas, o sol assumiu uma função extra na propriedade de Márcio Paloschi, de Progresso. Com painéis fotovoltaicos instalados sobre a casa, o produtor espera se tornar autossustentável no consumo de energia elétrica nos próximos anos. A intenção é reduzir os custos com eletricidade. “Em 20 dias de funcionamento do sistema, a produção chegou a 120 quilowatts-hora (kWh)”, contabiliza.

Hoje, a conta de luz para a operação do freezer, geladeira, rádio, televisão, chuveiro, entre outros equipamentos, chega a R$ 170. Com o investimento de cerca de R$ 20 mil, o produtor espera zerar a despesa e ainda gerar excedente para suprir futuros consumos. “O excedente ainda vai para a rede da distribuidora e volta na forma de créditos energéticos, os quais são utilizados para abater do que foi consumido a mais da rede”, comenta.

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Conforme Paloschi, a energia elétrica é gerada em corrente contínua, a qual passa por inversor interativo e convertida em corrente alternada, que é enviada para o quadro de distribuição do imóvel e utilizada para alimentar todos os equipamentos elétricos.

Um sistema fotovoltaico, de acordo com o produtor, tem uma vida útil acima de 25 anos. “Em seis anos, vou recuperar o investimento”, calcula.

O projeto foi aprovado e instalado pela cooperativa que fornece a energia elétrica. Agora aguarda a troca do medidor pelo modelo digital, que controla a quantidade de energia produzida pelo sistema solar e o consumo da residência.

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Cooperativa é pioneira

A Cooperativa de Energia Certel, de Teutônia, é a primeira empresa distribuidora do RS a homologar o modelo de geração solar. Tem na área de atuação 35 gerações de energia solar para atender 48 consumidores.

Com o objetivo de estimular uma maior adesão dos associados a esse modelo, a partir deste mês, instala 76 módulos fotovoltaicos junto à sede administrativa, orçados em R$ 80 mil. Ao entrarem em funcionamento, será aberta a visitação aos associados interessados em conhecer o modelo de negócio.

Conforme o presidente Erineo José Hennemann, o RS compra mais de 60% da energia consumida em seu território de outros estados, e o Vale do Taquari gera apenas 5% da capacidade necessária de energia. “Queremos estimular os associados a gerar parte da energia elétrica consumida e reduzir impactos no meio ambiente”, destaca.

Pelo projeto em fase de finalização, além de disponibilizar os equipamentos, a Certel fará a instalação e manutenção. “Tornará a geração mais acessível e resultará em menor valor pago pela energia consumida mensalmente”, adianta.

Hennemann salienta que a energia que sobrar poderá ser jogada na rede, mas não vendida. “O associado pode utilizada em até cinco anos sem custos”, destaca.

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Carga tributária é elevada

O setor solar fotovoltaico brasileiro está em franca expansão e dever movimentar mais de R$ 4,5 bilhões este ano. A projeção é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

De acordo com o presidente Rodrigo Sauaia, o país deve atingir a marca histórica de mil megawatts (MW) da fonte solar fotovoltaica operacionais na matriz elétrica nacional até o fim de 2017. “Projetamos a criação de 20 mil novos empregos. Hoje já somos referência em energia hidrelétrica, biomassa e eólica e não podemos ficar para trás na área solar, cada vez mais estratégica no setor elétrico internacional”, assinala.

Além da falta de informação das vantagens do sistema, Sauaia entende que o crescimento do mercado depende de mais opções de crédito. Desde 2016, a tecnologia passou a ser financiada pelo Pronaf (Mais Alimentos – juro de 5,5% ao ano – carência de três anos e dez para pagar), BNDES e Finame. “A carga tributária sobre os equipamentos, cujo percentual chega a 40%, ainda inibe o avanço”, observa.

Segundo a Absolar, o agronegócio responde por menos de 2% dos sistemas instalados no país.

Em 20 dias de funcionamento do sistema, Paloschi registra a produção de 120 quilowatts-hora (kWh)

Em 20 dias de funcionamento do sistema, Paloschi registra a produção de 120 quilowatts-hora (kWh)

Agesolar quer isenção

Além do decreto emitido no ano passado que isenta de ICMS a mini e microgeração de energias limpas e renováveis no estado, a Associação Gaúcha de Energia Solar (Agesolar)sugere a retirada da cobrança do imposto sobre os equipamentos utilizados, como os painéis fotovoltaicos.

“Existe uma lei que isenta os instrumentos necessários para produzir energia eólica, nada mais justo do que zerar sobre a energia solar”, cobra o presidente Rodrigo Corrêa.

Ele destaca a importância de qualificar os profissionais para evitar desperdício de energia ou mesmo a frustração de quem aposta no sistema. “Hoje não há norma para habilitar quem instala os equipamentos. Quem resolver investir precisa estar atento à marca do painel e do inversor”, ensina.

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