O projeto do governo sobre o zoneamento do transporte escolar, em debate no Legislativo, gera reações. Hoje, a partir das 19h, uma reunião dos representantes dos dois poderes com a comunidade trata do assunto na câmara municipal.
A proposição deu entrada na casa em 29 de setembro. Na sessão de segunda-feira, pais se manifestaram contrários às mudanças propostas. O projeto permaneceu em pauta.
Durante outra reunião, no dia 6 de novembro, quando houve explicação do governo municipal sobre as alterações, alguns pais se mostraram insatisfeitos com as alterações e outros esclareceram as dúvidas.
A principal alteração propõe transporte escolar somente para alunos que residirem a mais de 1.000 metros da escola situada na zona rural ou urbana. O transporte será de responsabilidade dos pais/responsáveis do aluno, quando esse, por opção, não se matricular na escola da rede pública (municipal ou estadual), com vaga disponível, mais próxima de sua residência.
O aluno que não conseguir vaga na escola mais próxima de casa terá direito ao transporte escolar. Pessoas portadoras de necessidades especiais terão tratamento diferenciado.
Pais não querem mudanças
A agricultora da Linha Garibaldi, Glaci Salton, 54, esteve na reunião do dia 6 e conversou com o prefeito Adroaldo Conzatti. “Fiquei preocupada por causa do zoneamento, pois com as alterações previstas era para minha neta ir estudar em Palmas. Da nossa casa, são 7,2 quilômetros e tudo estrada de chão ou pelo asfalto tem o pedágio”, comenta.
Segundo ela, após a conversa, o chefe do Executivo garantiu que a menina continuará na Escola Municipal Mundo Encantado, há 5,6 quilômetros, onde o trajeto entre a casa da família e a escola é asfaltado. “Vou ficar mais tranquila”, disse.
Além dela, muitos pais são contrários à medida. É o caso da dona de casa da Barra do Jacaré, Cristiane Passini Bagatini, 39, que estará presente na reunião de hoje. Ela tem duas filhas. Uma de 16 anos, que estuda no 2º ano do Ensino Médio do Instituto Monsenhor Scalabrini, e a outra de 6 anos, aluna do 1º ano da Escola Mundo Encantado.
Para a mãe, o transporte escolar é importante e deve ser mantido. “O ônibus é essencial. Hoje, com a violência, não dá para deixar as crianças irem a pé para a escola”, salienta. Segundo ela, houve problemas no colégio do bairro onde a filha estudava e ela a matriculou em outra, por isso, o transporte é fundamental, pois a família não tem condições de pagar.
Cristiane salienta ainda que o povo quer mudanças e há diversas coisas a serem melhoradas, porém, o zoneamento dessa forma não é a melhor alternativa.
A emprega doméstica e moradora do bairro Planalto, Veridiana Bampi da Silva, 38, pede a continuidade do modelo atual. Ela tem três filhos que estudam. Um no 2º ano do Scalabrini, outro no 8º ano do Centro Municipal de Educação Encantado e o mais novo no 1º ano da Mundo Encantado.
“Não temos como pagar o transporte. Queremos que continue da mesma forma que está” salienta. Segundo ela, com o aumento da violência e do tráfico de drogas, os pais ficam mais tranquilos quando os filhos vão de ônibus à escola.

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O que diz o governo
A intenção do zoneamento, segundo o prefeito Conzatti, é fazer com que alunos estudem nos colégios próximos de casa de forma a se buscar um maior envolvimento comunitário entre as famílias e as escolas. “Nós vamos ter a melhor educação possível. Haverá turno integral em todas as escolas municipais do 1º ao 9º ano”, destaca.
Para ele, ainda não é possível prever de quanto será o investimento. Isso só será feito após a realização de todas as matrículas. Com a redução em gastos com transporte, os valores serão reinvestidos em oficinas e atividades no turno inverso ao das aulas, contratação de mais professores e na merenda escolar.
Com relação ao projeto, Conzatti informa que, se não for aprovado, será estabelecido por decreto. Conforme o prefeito, há algumas pessoas que ainda não entenderam a medida e outras que não querem perder privilégios.
Ainda conforme ele, além dos ônibus do município, há um investimento mensal de cerca de R$ 70 mil para empresas terceirizadas no transporte de estudantes, totalizando em torno R$ 120 mil mensais.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br