Dr. Jorge Miguel Garbey Reyna, 33, atende em Bom Retiro do Sul desde 2014. Vindo de Cuba por meio do programa Mais Médicos, enfrenta a saudade da família e o preconceito de alguns setores para colaborar com a saúde pública no Brasil. A gratidão das pessoas humildes é a maior inspiração.
• Como é deixar a própria terra para atuar como médico em outro país?
É complicado. Não é nada fácil sair da tua terra, deixar entes queridos e ir trabalhar em outro país. Mas a gente consegue. A gente fez um juramento para ajudar todo mundo. Lá na nossa terra, nosso ensino se baseia, entre outras coisas, na solidariedade com o povo. Não só com o nosso povo, mas com o povo de outros países. A concepção que a gente tem da medicina é ajudar o próximo, não só a nossa família, a nossa pátria. Acho que isso foi o que me ajudou a deixar minha terra e vir atuar no Brasil.
• O que te trouxe ao Brasil?
O Brasil estava em uma situação caótica na parte da saúde pública. Então, lançaram um programa muito bom de parceria educacional com o principal objetivo de ajudar a população, geralmente as pessoas de mais baixa renda, em uma das questões mais importantes da vida de qualquer ser humano: a saúde. Cuba tem uma alta taxa de médicos a cada cem mil habitantes. Por isso, nosso Ministério da Saúde fez a proposta de a gente viajar ao Brasil e vir trabalhar aqui. Lá em Cuba, como sempre, passam as novelas brasileiras… Quem não queria vir conhecer aqui o Brasil? Claro, sempre com o compromisso da luta pela saúde.
• A vinda dos médicos cubanos enfrentou resistência por parte de setores da sociedade. Como lida com o preconceito de alguns?
Sim, realmente a vinda nossa aqui no Brasil teve uma forte resistência. Em Cuba, tem um ditado: a prática é critério valorativo da verdade. No princípio, eles falavam que nós não éramos médicos, que éramos enfermeiros, curandeiros. Então, a gente demonstrou com o nosso trabalho, nossa prática médica, a qualidade que tem a medicina cubana, de quão alto a gente leva os nossos ensinamentos e, principalmente, o compromisso que a gente tem com a saúde, com o povo. Nossa medicina é mais centrada na pessoa. Acho que hoje ainda há preconceito, mas é bem menos.
• O que te inspira a seguir na área da saúde pública nesta terra estrangeira?
São tantas coisas. O “Obrigado”, “Doutor, você acertou na minha doença”, “Deus lhe abençoe”, tudo isso são inspirações que servem nos momentos em que a gente fica com saudade da família. Mostra que a gente é importante, que está ajudando, que está fazendo a coisa certa. Sobretudo, àqueles que têm menos recursos econômicos e não podem ter acesso a grandes planos de saúde.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br
Notícia
“Medicina é ajudar o próximo”
Dr. Jorge Miguel Garbey Reyna, 33, atende em Bom Retiro do Sul desde 2014. Vindo de Cuba por meio do programa Mais Médicos, enfrenta a saudade da família e o preconceito de alguns setores para colaborar com a saúde pública…
