O prédio do Executivo de Lajeado é impróprio para garantir bom atendimento ao cidadão. A falta de espaço em função do embargo da obra após o tombamento da Casa de Cultura esfacelou as secretarias em diferentes imóveis alugados a esmo em distintos pontos da cidade. É custoso. A bagunça leva a alcunha de “descentralização”. Mas é bagunça, mesmo. Portanto, antes de cogitar sede própria para a câmara, precisamos resolver a nossa prefeitura.
Eu sei. A primeira reação do leitor é de surpresa – e indignação, aposto – diante desta proposta. Afinal, com filas em creches, postos de saúde insuficientes e precários, ausência de escolas de Ensino Fundamental em alguns bairros e tantas outras mazelas, ninguém quer ouvir falar em obras de novas câmaras e, quiçá, de uma reformulada ou nova prefeitura.
Tal reação está diretamente ligada ao descrédito com nossos políticos. A política, assim como em outros momentos da nossa história, está no limite da tensão. Não há paciência com nossos agentes públicos. A intolerância diante de tantos escândalos é inevitável. Em âmbito municipal, estadual, nacional. O descrédito atinge a todos. E, diante disso, até as boas propostas são criminalizadas.
Claro que a cobrança por creches, postos de saúde, escolas e afins está devidamente balizada pela razão. Se a sociedade sente a falta de determinados serviços públicos, obrigatórios diante das altas cargas tributárias surrupiadas nos nossos bolsos, ela deve cobrar dos agentes públicos eleitos para gerenciar tais demandas. Mas, também em função dessas mazelas, é preciso pensar em novas alternativas.
A permuta é uma dessas. Por ano, o governo gasta milhares de reais em aluguéis para abrigar, entre outras, as secretarias – e serviços – de Saúde, de Assistência Social, Cultura e Esporte, Desenvolvimento Econômico, câmara, e por aí vai. Gastou, só em 2016, cerca de R$ 1 milhão em aluguel de prédios, salas e terrenos, mesmo diante de uma lista patrimonial com mais de 1,5 mil imóveis em nome do município. Algo está errado.
Pagamos, por exemplo, quase R$ 15 mil por ano para locar um terreno para a Feira do Produtor, no bairro São Cristóvão. Está lá, escondida. Quase ninguém a percebe. Poderia muito bem estar acomodada em um dos tantos terrenos públicos, sem custo, com muito mais visibilidade. Mas algo insiste em permanecer no caminho errado. E esse é apenas um exemplo. Barato, até.
O governo tem um patrimônio estimado em R$ 610 milhões, dividido entre os mais de 1,5 mil imóveis de propriedade do governo, do poder público, do cidadão. E a cada novo loteamento particular aprovado, mais terrenos entram nessa lista. Boa parte é bem utilizada. Mas uma imensa parcela está obsoleta. Gera custos. Alguns vinham servindo de depósito para carcaças de veículos. Outros ainda servem de moradia para invasores, bem no centro.
[bloco 1]
Algo está errado. E diante desta realidade, é preciso sim analisar com mais atenção – e com menos tensão – as propostas para construção da nova câmara. Especialmente a possibilidade de permuta. Essa alternativa de repassar terrenos do município à iniciativa privada, recebendo as esperadas obras de infraestrutura em troca, é uma novidade, no mínimo, interessante.
Nesta semana, uma construtora lajeadense lançou a ideia. Propõe construir a nova sede da câmara em troca de terrenos avaliados, juntos, em R$ 5,5 milhões. Independente de quem for escolhido – ou licitado – para tal permuta, eu vejo nesse modelo a chance para construirmos uma prefeitura digna do porte de Lajeado.
Que tal? Uma nova prefeitura englobando todas as secretarias, sem mais gastos absurdos com aluguéis de prédios de terceiros. Com vagas de estacionamento para o cidadão. Moderna. Com energia sustentável e tudo mais. E, por que não, com um andar inteiro destinado ao Legislativo, com plenário, gabinetes e afins. “Dois coelhões com uma só cajadada”.
Para quem não gosta da proposta, um alento: esse caminho de permutas poderia muito bem ser o primeiro passo, diante da constante falta de recursos líquidos, para garantirmos as tão aguardadas obras de novas creches, postos de saúde, paradas de ônibus, escolas, pavimentações, passarelas…
Darci José Corbellini está vivo!
Na coluna da semana passada, cometi uma gafe. Mas foi com a melhor das intenções. Afirmei sentir falta de ruas com nomes de personalidades locais. Entre eles, citei o ex-prefeito de Lajeado, Darci Corbellini. Ocorre que, para ser homenageado com nome de rua – ou demais logradouros e espaços públicos –, o cidadão precisa estar morto há pelo menos dois anos. E obviamente não é o caso do ex-gestor.
13º retroativo em Estrela
Mesmo com a péssima repercussão junto ao contribuinte de Estrela, Marcelo Braun, Andréas Ulrich Hamester, Elio Jair Kunzler, Paulo Floriano Scheeren, Gerson Adriano da Silva, Nelson Tillwitz, Paulo Roberto Birck, Vanderlei Eidelwein e Lorena Hauschild não desistiram da ação contra o município para receber benefícios retroativos. O Executivo já foi notificado para apresentar defesa, ou atestar e pagar essa vergonha.
Passagem inferior na ERS-130 pode iniciar em 2018
Na tarde de ontem, o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, e o coordenador de Projetos Especiais, Isidoro Fornari, foram recebidos pela diretoria da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), em Porto Alegre, para tratar da passagem de nível na ERS-130, junto ao trevo da empresa BRF.
As perspectivas pós-encontro são boas, segundo os representantes lajeadenses. A previsão é de colocar as máquinas na pista ainda em 2018. O ponto é um dos gargalos viários da cidade, interligando os bairros Moinhos, Montanha e Moinhos D´Água, e também o principal acesso à UPA.
Tiro curto
– O ex-vice-prefeito de Lajeado, Vilson Jacques, é o pré-candidato do PTB na região para a Assembleia Legislativa. Já pelo PSDB, deve ir Mariela Portz;
– A Uambla marcou para o dia 7 de dezembro a reunião de encerramento das atividades deste ano. Para 2018, novidades são aguardadas sob a nova gestão de Martires Valandro;
– Em Lajeado, dos 21 primeiros títulos de dívida ativa encaminhados a protesto na semana passada, cinco foram pagos. O pagamento ocorre no tabelionato;
– O Ministério Público arquivou inquérito civil que investigava possíveis irregularidades na concessão de exploração do ginásio municipal de esportes de Muçum;
– Já em Arvorezinha, o MP arquivou a investigação sobre possível direcionamento da licitação para contratação da empresa para o transporte de pacientes aos municípios de Porto Alegre e Passo Fundo;
– A prefeitura de Lajeado renovou, por 12 meses, o contrato com a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas para gerenciamento da UPA. O valor mensal repassado aumenta para R$ 870,8 mil;
– Em Forquetinha, o ex-prefeito, Waldemar Richter, pode estar rumando para o PSDB, no intuito de concorrer, outra vez, ao cargo de prefeito. Por outro lado, o PP tentará atrair líderes do PSDB para a campanha de 2020;
– Até o momento, nenhum vereador de Lajeado levou ao Ministério Público a denúncia de suposta propina para escolha da nova sede da câmara.
Boa quarta-feira a todos!
“A tolerância, mais que uma virtude, é um princípio de negociação.”
David Ben Schwantes