Morador de Lajeado, Christian Ely, 26, fez mochilão em 2015 para Bolívia e Peru. Com a projeção da formatura para o fim de 2018, Ely espera encerrar a graduação para viajar pelo mundo.
• O que significa ser mochileiro?
Significa liberdade, desapego das questões materiais. Ser mochileiro é ter o contato consigo mesmo. Quando é mochileiro, é viajante, naturista, pois adentra nas culturas dos povos. Não é turista que está lá só visitando os lugares famosos. Tu esta lá vivendo com a população. Mas ser mochileiro é o desapego das questões materiais. Tem muita essa questão de evolução pessoal. Não é como se guardasse R$ 10 mil, se programando para ficar em um hotel no conforto. O cara vai, guarda uma graninha, dorme em hostel, conhece muitas pessoas. É muito legal essa troca de conhecimento.
• Nessa viagem, o que mais lhe chamou a atenção?
O mochilão foi em setembro de 2015, passei por Bolívia e Peru. Me chamou a atenção a pobreza dos povos, mas também a segurança que tem lá. Me sentia mais seguro do que em Lajeado. Também me chamou a atenção a hospitalidade.
• Como é a receptividade com os brasileiros?
Todo mundo gosta de brasileiro. Não só os nativos, mas também os outros mochileiros. Durante a viagem, conheci outros viajantes e eles sabiam muito sobre nós e nossos costumes. Eles gostam do povo brasileiro por ser animado, mas sempre tem a exceção. Um fato engraçado é que em todos os lugares as pessoas puxavam primeiro papo com brasileiros, depois falavam com os outros viajantes.
• Como era o Christian antes da viagem e como é o Christian hoje?
Mudei bastante. Após a viagem, confirmei como o mundo é maior que a bolha que o cara vive. Tudo que achamos como verdade absoluta, principalmente pra nós que vivemos em cidade interiorana, vemos que são culturais. Tipo, eu que não sou materialista, vi que tem mais gente que acha besteira acumular bens para aproveitar na aposentadoria. Cresci muito nessa viagem, pois passei por vários perrengues. Quase perdi a mochila com meus pertences e passei mal. É muita viagem de ônibus, tu tem que se virar sozinho. O mochilão é uma viagem de evolução. Antes, eu era bastante inseguro, tinha medo de sair na rua e ser taxado pelos outros. Me sentia muito analisado. Depois da viagem, aprendi a não ligar mais para o que as pessoas pensam sobre mim.
• Faz planos para uma próxima aventura? Quando pretende ir e para onde?
Estou esperando acabar a faculdade, no fim do próximo ano. Quero conhecer o mundo, conhecer pessoas diferentes, conhecer natureza. Vamos ver onde o mundo pode me levar.
Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br