Menos de um mês. Esse foi o tempo destinado pelo Ministério da Agricultura para o bloqueio da compra de leite em pó do Uruguai. O fim da compra do país vizinho ocorreu no dia 10 de outubro. A medida foi motivo de comemoração.
Depois de uma chamada “missão técnica” envidada pelo governo brasileiro para apurar a suspeita de triangulação na venda do produto, os técnicos do ministério emitiram parecer interno liberando a retomada das negociações desde o dia 3 de novembro.
Depois de todo o movimento dos produtores, das instituições representativas, das cooperativas e de agentes públicos, em mostrar o impacto da importação desenfreada para a cadeia gaúcha, o governo federal voltou atrás sem dar a chance de retomada do setor.
Na média nacional, o agricultor recebeu R$ 1,06 pelo litro em outubro. Um recuo de 2,5% em relação ao mês anterior. Para manter a atividade com um mínimo de lucro, estima-se que o valor mínimo para o produtor fosse de R$ 1,20.
O Vale tem na produção de leite uma das principais culturas de subsistência. A cadeia também mantém empregos na cidade e é um dos alicerces das duas principais cooperativas da região. Os recentes avanços no volume e na qualidade de produção colocam a região como uma das principais bacias leiteiras do RS.
[bloco 1]
Os produtores foram encorajados a buscar linhas de crédito para melhorar a produtividade. O momento era de alta nos preços pagos às famílias rurais. A euforia durou pouco.
A falta de políticas públicas para proteger os agricultores e a importação nociva provocaram baixas constantes no valor pago aos produtores. Endividadas devido aos financiamentos para investir na propriedade, famílias abandonam a atividade.
Frente aos prejuízos para o país, é necessário um posicionamento oficial por parte do Ministério da Agricultura. O retorno das importações do Uruguai pega todos de surpresa e abre margem para interpretações. Não houve um comunicado oficial. A mudança circulou pelos corredores de Brasília, entre os fiscais da repartição. Essa medida atinge tantas famílias no país. O mínimo que se espera por parte do governo é transparência e a apresentação dos argumentos para essa decisão.
