A segurança pública fraqueja diante da desassistência estadual. As corporações policiais atuam com poucos recursos e com déficit de efetivo. BM e PC fazem muito com pouco. Na lógica do cobertor curto, criam estratégias de atuação dentro dos limites impostos pelo desaparelhamento histórico pelo qual passam. Como resultado, a criminalidade migra para o interior, encontra cidades com um campo próspero, seja para traficar ou assaltar.
Em Taquari, a fala de um refém da quadrilha que estourou uma agência bancária serve de exemplo para ilustrar os riscos aos quais os municípios interioranos estão expostos. Na matéria do A Hora publicada no fim de semana, um dos entrevistados, refém da quadrilha, relatou uma conversa entre os ladrões. Disseram: “Se a gente soubesse que era tão fácil, teria vindo antes.”
O temor de novos ataques fez o prefeito da cidade declarar situação de emergência em segurança pública. Uma medida extrema, quiçá inédita na região. O ato, conforme nota do Executivo, é uma forma de priorizar investimentos na BM e na PC e chamar a atenção do Piratini.
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Por parte dos comandos das polícias, com base nos dados apresentados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, os índices de crimes estão dentro da normalidade. Os números tabulados até setembro deste ano estão muito próximos dos registros no ano passado. Diante disso, é justificável esse decreto?
Sem dúvida, é necessário incrementar os investimentos em segurança pública. Da mesma forma, é preciso mais qualidade na educação, no atendimento em saúde pública, em políticas para garantir a inclusão social. Isso sem falar na melhoria das estradas e outros serviços básicos.
O fato é que o RS chegou ao limite. A disparidade do pacto federativo trouxe esse momento de instabilidade para todo o serviço público estadual. Por mais que o governador José Ivo Sartori afirme que a segurança pública sempre foi prioridade, as polícias só não estão em uma condição pior devido à sociedade civil organizada. As associações locais garantem a manutenção de viaturas, equipamentos, armas e até gasolina.
Nesse espectro de serviço público em decadência, grupos disputam o poder e levam medo às comunidades, como ocorre em Arroio do Meio. Tão importante quanto manter as corporações policiais informadas é manter a tranquilidade. Repassar boatos como verdade só fortalece o inimigo.
Editorial
O crime e a sensação de insegurança
A segurança pública fraqueja diante da desassistência estadual. As corporações policiais atuam com poucos recursos e com déficit de efetivo. BM e PC fazem muito com pouco. Na lógica do cobertor curto, criam estratégias de atuação dentro dos limites impostos…