Uma equipe do governo municipal visitou ontem os escombros de mais um prédio antigo destruído por um incêndio no centro histórico da cidade. Localizado na av. Benjamin Constant, quase esquina com a rua Marechal Deodoro, o imóvel foi consumido pelas chamas no dia 27 de outubro. Lá funcionou a primeira rodoviária de Lajeado, em 1940. Paredes, agora, correm o risco de desabar.
Vizinhos do imóvel presenciaram o incêndio na madrugada daquela sexta-feira. Conforme ocorrência registrada pelo Corpo de Bombeiros, a guarnição foi chamada por volta das 2h40min para evitar a propagação do fogo para residências vizinhas. Um bar, ao lado da casa antiga, também foi bastante atingido pelas chamas.
No registro do Corpo de Bombeiros, constam dificuldades para conter as chamas. Entre essas, a demora, por parte da concessionária de energia, para desligar a rede daqueles dois prédios. Outro problema, que resultou em um chamado para a Brigada Militar (BM), foram as tentativas de furtos ao estabelecimento comercial também atingido.
Até o momento, não foram esclarecidas as causas do incêndio. A casa, que ficava em frente à Praça do Chafariz, estava desabitada faz anos e ninguém ficou ferido diante do sinistro. Embora estivesse recentemente habitada por sem-tetos e usuários de drogas, não havia pessoas no imóvel naquele momento, segundo testemunhas.
“Não estava no inventário cultural”
Apesar de ter servido como primeira rodoviária do município, na época de propriedade do comerciante Nilo Oscar Kieling, o prédio incendiado não fazia parte de um inventário cultural produzido em 1992, no qual constavam uma série de imóveis históricos. Inclusive, daqueles 35 imóveis inventariados, só 24 seguem “de pé”, informa o secretário de Cultura, Carlos Reckziegel.
O professor e historiador, José Alfredo Schierholt, confirma a história do prédio antigo. “Antes de ser rodoviária, serviu para outros serviços. Não foi efetivamente construído para ser um ponto de passageiros. Ocorre que antigamente os ônibus saíam da própria casa dos donos dos veículos. Isso passou a não dar certo, e por isso escolheram aquele prédio como rodoviária”, explica.
A primeira rodoviária também consta no livro No Tempo das Estações. Lá o serviço funcionou por pouco mais de um ano. Depois o ponto de passageiros foi deslocado para a esquina da rua Borges de Medeiros com a av. Benjamin Constant. Logo após, passou a ser realizado em um outro prédio na Borges de Medeiros e, mais recentemente, funcionou na av. Acvat, antes de se fixar no bairro Florestal.
Outros incêndios
Duas residências históricas se incendiaram nos últimos anos na rua Osvaldo Aranha. A mais antiga ficava ao lado da fábrica de vinagres Prinz. Já o sinistro mais recente, em setembro de 2013, quase derrubou a histórica casa do ex-prefeito, Bruno Born.
Em junho deste ano, outro incêndio quase pôs fim ao antigo prédio dos Correios, também no centro, na esquina das ruas Júlio de Castilhos com a Marechal Deodoro.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br