Piano de ex-presidente eterniza aprendizado

Taquari - Música para elevar a alma

Piano de ex-presidente eterniza aprendizado

João Roberto Schenk, dedica duas horas por semana para tocar no instrumento do ex-general do Exército

Piano de ex-presidente eterniza aprendizado
Vale do Taquari

Schenk tinha 12 anos quando viu Sophia, irmã do ex-presidente Costa e Silva, tocar piano em um concerto. Passados 56 anos, o aposentado toca no mesmo instrumento instalado no museu dedicado ao ex-general.

Lembra até hoje do que sentiu quando entrou na casa. “Fiquei muito impressionado. Era diferente do que estávamos acostumados.” Anos mais tarde, ao retornar a Taquari, visitou o museu e reconheceu o piano. “Pedi licença, sentei e toquei. Depois disso, todas as sextas venho praticar.”

Schenk, 68, repete a rotina faz 12 anos. Às sextas-feiras, sai do bairro São João e vai ao museu Costa e Silva. Cumprimenta as funcionárias, dedica alguns minutos à conversa e, em seguida, senta ao piano.

Quando começa a tocar, chama atenção de quem passa na rua. Conforme Schenk, o repertório é desconhecido para a maioria. A curiosidade faz ouvintes entrarem para ver o que acontece. “Para mim é muito bom vir aqui e ver que as pessoas admiram. Tocar piano eleva minha alma, me dá tranquilidade.”

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A funcionária da instituição, Rosane de Rosa, 51, diz que os dias em que Schenk está no museu são especiais. “Nos sentimos mais alegres e leves, é um momento de paz. Ele é uma pessoa muito agradável e educada”, afirma.

Schenk é natural de Taquari. Começou a aprender música com 16 anos. O primeiro instrumento foi um acordeão. “Falei com a professora de música que tinha em Taquari, Camila Coelho, e ela era filiada ao Conservatório Carlos Gomes, de Porto Alegre. Eu fazia as lições com ela e, quando tinha exames, eu prestava na capital”, relembra.

O piano sempre foi uma paixão. Não teve oportunidade de estudar o instrumento quando era mais jovem. “Eu morei por alguns anos em Porto Alegre e quando me aposentei voltei para Taquari. Um dia estive no Museu Costa e Silva e vi o piano, no qual assistia à dona Sophia tocar na época em que eu estudava no primário”, falou.

Além de conhecer a irmã do ex-presidente, também estudou música com a família Costa e Silva. Em um dos encontros, conta, ele e quatro colegas prepararam uma apresentação para uma festa de São João Batista na casa de Sophia, onde hoje é o museu.

Trabalho voluntário

Schenk também trabalha como voluntário na Associação Pella Bethânia. Ensina música aos residentes. “Começamos cantando em alemão, mas agora não têm muitas pessoas que falam essa língua, então, cantamos mais em português.”

Quem foi Costa e Silva

Arthur da Costa e Silva nasceu no dia 3 de outubro de 1902 em Taquari. Filho de portugueses, estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada e na Escola de Estado-Maior do Exército. Fez parte do movimento tenentista em 1922, quando foi preso e anistiado, e dez anos mais tarde, em 1932, participou da Revolução Constitucionalista.

Foi eleito presidente da República em 3 de outubro de 1966, mediante abstenção de toda a bancada da oposição composta por políticos do MDB (Movimento Democrático Brasileiro).Tomou posse no dia 15 de março de 1967.

O período de seu governo foi marcado por forte agitação política, com importantes movimentos populares e políticos de oposição, como a Frente Ampla, liderada por Carlos Lacerda e apoiada por Juscelino Kubitschek e João Goulart. Esse movimento tinha como proposta a redemocratização, anistia, eleições diretas para presidente e uma nova Constituinte.

Em agosto de 1969, Costa e Silva sofreu uma trombose cerebral e foi afastado do cargo, sendo substituído por uma junta militar. Morreu no dia 17 de dezembro de 1969 no Rio de Janeiro.

Marieli Rosa: marieli@jornalahora.inf.br

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