O CICLO NATURAL DO SER HUMANO DEVERIA SER A EVOLUÇÃO. QUANDO FAZEMOS UMA REFLEXÃO SOBRE A SOCIEDADE ATUAL, NOS DEPARAMOS COM COMPORTAMENTOS ESTRANHOS, ÀS VEZES, ATÉ BIZARROS
Tenho animais de estimação, e gasto o suficiente para mantê-los saudáveis e bem tratados, em lugar onde não causem incômodos às outras pessoas. Ponto. Se eu infringir essa lógica, serei hipócrita e desumano. Não basta tratar bem o bicho e incomodar o vizinho.
Por mais que alguém dê amor e carinho a um animal de estimação, não está livre de ser um completo insensível e desumano.
Há pessoas que impõem seus animais na rua, em locais públicos, até mesmo em estabelecimentos comerciais, como se todos fossem obrigados a concordar com isso. Sequer ligam para quem é alérgico ou não deseja a mesma intimidade com o animal.
“Esta tendência de humanizar os animais, tratá-los como pessoas, é completamente desprovida de sentido. Um cão não é um ser humano, contudo, deve ser bem tratado e sem maus-tratos, mas não é preciso levá-lo a um restaurante”, diz Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
Ele considera que “esta febre protecionista dos animais é um exagero”. E o mais grave: “quem critica determinadas posturas dos donos de cães é malvisto”. Um absurdo.
Joaquim Jorge chama de “fundamentalismo canino” e insiste que “há todo o direito de gostar de cães, mas é preciso respeitar quem não se sente bem à beira deles”. E eu concordo, plenamente.
O forte engajamento de pessoas na área de proteção aos animais, principalmente de cães, tem um lado positivo, embora assusta a veemência, cegueira e a obsessão de alguns.
Basta observar nas redes sociais para ganhar rapidamente a impressão de algo está errado. É natural a revolta quando alguém publica, por exemplo, uma foto de um cão maltratado. Estranho é que a foto de uma criança sofrendo não cause o mesmo fervor, nem a mesma revolta ou engajamento.
Muitos dos que protestam ou comentam a foto do cachorro exaltam ódio e desejam a morte de quem causou o mau-trato. Se utilizam de palavrões, ofensas e são agressivos em seus comentários, numa total intolerância e julgamento raso. As escrescências, o exagero e a falta de sensatez desse comportamento fanático não contribuem para a evolução das coisas. Agredir em nome da agresão é hipocrisia e cegueira.
Recentemente, entrou requerimento na prefeitura de Lajeado, de um cidadão pedindo indenização por recolher um cão agonizando da rua. Ele queria quase R$ 3 mil para pagar as despesas com veterinário após resgatar o bicho. Óbvio que o município não atendeu tal pedido.
Não podemos confundir as coisas. Essa proteção extrema aos animais parece mais uma mea-culpa para não se envolver com seres humanos. Aliás, cuidar de um animal é mais fácil e cômodo do que cuidar de uma pessoa.
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Em alguns casos, animais são benéficos a ponto de contribuirem até para o tratamento de problemas de saúde das pessoas. Cavalos, cães e golfinhos são exemplos comuns.
Ainda assim, é necessário compreender que um animal não é um ser humano.
Concordo que deve haver penalização e fiscalização aos maus-tratos. Um dos mais comuns ocorre com os bichos trancados dentro de casa. Normalmente, a vizinhança precisa aguentar o latido interminável de animais estressados e chaveados em apartamentos, onde idosos, crianças e até mesmo pessoas doentes são submetidas ao incômodo. Quem faz isso com as pessoas e os animais é um completo desumano.
Enfim, o extremismo e a pura falta de noção de alguns seres humanos parecem mesmo se confundir com o instinto selvagem dos animais. Se o mesmo cuidado fosse dispensado às crianças indefesas, o mundo estaria melhor.
Os exemplos extremos de distúrbio comportamental em nome da “proteção dos animais” beiram o fanatismo e com o qual nada se evolui. Extremos causam extremos, agressividade gera agressividade, intolerância provoca intolerância. Shakespeare já ensinava que todo fanatismo terminaria em tragédia ou comédia.
Se queremos realmente ajudar os animais, temos que nos perguntar o que é melhor para eles, e não o que é melhor para alimentar nossa frustração com o mundo e com os seres humanos.
Um bom fim de semana a todos!
Obra de gente grande
A 23ª edição do livro Jovens Poetas de Lajeado consolida a seriedade do projeto idealizado pelo Rotary Lajeado Engenho faz mais de duas décadas. A inserção de poesias de detentos do Neeja do presídio de Lajeado denota o grau de humanização e inovação da iniciativa, que reúne conteúdo de centenas de crianças e adolescentes de escolas da região. A obra foi viabilizada pelo Rissul e Grupo Estilo, em parceria com o jornal A Hora.
Parabéns aos parceiros e idealizadores! Um projeto digno de reconhecimento.