O governo estadual surpreendeu e anunciou a possibilidade de quitar integralmente o salário do funcionalismo do Executivo. Contraria a lógica dos últimos 22 meses, em que os vencimentos do funcionalismo foram pagos de forma parcelada ou escalonada, com preferência para quem recebe menos.
Para conseguir cumprir com a promessa, o Piratini atrela esse fato à operação de venda do excedente do controle acionário do Banrisul na Bolsa de Valores e da adesão do RS ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal.
A afirmação da Casa Civil ocorreu na segunda-feira, em reunião com o CpersSindicato. Esse foi o argumento central para tentar reverter à greve do magistério que perdura faz quase dois meses.
Há dois vieses para a posição do Piratini. Pode-se ter uma avaliação positiva, de uma possível retomada da tranquilidade nas relações com o funcionalismo, e outra de que se trata de um anúncio político frente à proximidade das eleições de 2018.
O governo Sartori chega na reta final. O ônus político dificilmente será revertido com o pagamento em dia dos servidores para os próximos meses. Ainda assim, entre acertos e erros, a gestão do chefe do Piratini divide opiniões.
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Defenestrado por parte do funcionalismo, goza de prestígio em segmentos da sociedade. As decisões de austeridade na extinção de fundações e na proposta de rever benesses à alta casta do funcionalismo ganharam aplausos. Ainda que nem todas foram aprovadas pelos parlamentares, cabe destacar a coragem de levar ao público alguns gastos discutíveis da máquina pública.
Por outro lado, trouxe instabilidade para serviços básicos à população. O peso do atendimento em saúde e da segurança pública recai sobre os ombros do governador. A promessa feita no primeiro mês de governo, de que as medidas de austeridade não iriam interferir nos serviços públicos, não se concretizou.
O governador reforçou por diversas vezes não haver um plano B para o RS. Para contrapor o governo, em especial sobre os parcelamentos, auditores fiscais apresentaram alternativas desde os primeiros meses da gestão. Desde renegociar contratos, parcelar quitação de débitos para fornecedores e reduzir as políticas de isenções. Não há mais tempo para saber se funcionaria. Essa resposta talvez fique para a próxima gestão, caso Sartori não se reeleja.
Editorial
Servidores na expectativa
O governo estadual surpreendeu e anunciou a possibilidade de quitar integralmente o salário do funcionalismo do Executivo. Contraria a lógica dos últimos 22 meses, em que os vencimentos do funcionalismo foram pagos de forma parcelada ou escalonada, com preferência para…