Eu já pratiquei escalada, caminhada esportiva, canoagem, paraglyder, rapel em cascatas, tirolesa, pêndulo e outras tantas atividades ligadas ao turismo. A maioria dessas práticas ficou na minha juventude, mas as boas lembranças ninguém me tira. E o mais interessante disso é que não foi preciso sair do Vale do Taquari para acumular essas histórias.
Nossa região tem uma gama riquíssima de produtos potencialmente turísticos. E se os exemplos trazidos acima porventura não são lá muito atraentes para alguns, pouco importa. Há atividades para outros gostos, também. Para religiosos, esportistas, apreciadores de gastronomia, preguiçosos, ativos, jovens e idosos.
O turismo no Vale do Taquari tem tudo para decolar. E ao mesmo tempo parece não ter nada. A beleza sem informação não conquista ninguém. E a pouca valorização por parte das próprias comunidades corrobora para o descrédito. Eu sou testemunha física de que a falta de ações básicas inviabiliza, por ora, a monetização desse importante setor da nossa economia.
Em meados de 2013, junto do amigo Anderson Lopes, iniciei uma verdadeira peregrinação em busca de desconhecidos potenciais turísticos. O desafio era entregar um raio x completo do Vale do Taquari e outras cidades próximas. Pontos turísticos, culturais, gastronômicos. Tudo teria que ser investigado para, posteriormente, abastecer o produto final: um guia impresso.
Fazia muito tempo eu já vinha explorando nossa região. Acampamentos e, como citei no primeiro parágrafo, muitas desventuras e aventuras com pouca ou quase nenhuma preocupação com o amanhã fizeram parte da minha infância pelo Vale. Pensava eu, no início, que tal serviço de reportagem não traria lá tantas dificuldades. Ledo engano.
Encontrar e documentar novos pontos turísticos no Vale do Taquari foi uma das tarefas mais árduas da minha vida no jornalismo. Prazerosa, sim. Afinal estava quase sempre em meio – mas bem em meio mesmo – à natureza. Mas árdua. Desgastante. Por vezes, frustrante, diante daquilo que eu citei acima: a falta de informação.
Não foram duas, dez ou 20 prefeituras para as quais ligamos e, diante de questionamentos acerca de informações passadas por terceiros, e referentes a possíveis potenciais turísticos, éramos avisados – pelos dirigentes do setor – de que “aquilo não existia”. Outras tantas vezes, ouvimos não haver formas de nos auxiliarem, diante do completo desconhecimento.
Mas aqueles potenciais turísticos existiam. Nós provamos, diante da descrença de quem mais deveria estar afoito para provar, que existem e estão aptos, na medida do possível, para receberem turistas. Podem gerar dinheiro, movimentar a economia, amenizar a crise e diminuir o desemprego. Na medida do possível, repito. Pois falta o básico: informação.
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Ao fim de quase um ano de trabalho, havíamos visitado mais de 50 cidades. Foram inúmeras cascatas, grutas e mirantes naturais fotografados, dezenas de hotéis e pousadas avaliadas, e outras dezenas de pontos gastronômicos visitados – e devidamente apreciados, claro. O desafio, então, passou a ser a forma como levaríamos aquilo tudo ao leitor.
Como explicar, por exemplo, o melhor jeito para se chegar até a estonteante cascata de Arroio do Leite, no interior de Pouso Novo, se não há qualquer placa de sinalização pelo caminho e tampouco alguma indicação no site do município? Como convencer o turista a provar o delicioso café colonial do amigo Toigo, em Linha Itapuca, Anta Gorda, se faltam indicações básicas nas rodovias que levam ao destino final?
Como alguém vai se descobrir um apaixonado pelo paraglyder – e consequentemente gastar dinheiro no município – se não há qualquer informação acerca da escola de voo ao menos no site da prefeitura de Arroio do Meio?
Percebe? Esses são só uns dos pequenos detalhes que afastam a possibilidade de monetizar o setor. Detalhes que, estivessem sob a batuta de pessoas qualificadas para atuar no setor, e não nas mãos de meros correligionários sedentos por cargos públicos, já estariam devidamente respaldados e resolvidos. Afinal, são simples. E óbvios.
Quase três anos após o lançamento do Guia Vem, o mais completo já realizado e publicado no Vale do Taquari, a realidade pouco mudou. A desinformação e o desleixo seguem prosperando. E as âncoras continuam sendo nomeadas para dirigir, nas mais diversas administrações municipais, esse importante setor.
E, diante de tantos agentes públicos desqualificados aferrando o nosso turismo, é fácil entender por que falta interesse, também, da iniciativa privada, dos proprietários e, acima de tudo, das nossas atraentes comunidades.
Nova audiência com a EGR
Deputados estaduais, entidades de classe, sindicatos, usuários das rodovias estaduais e a direção da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) estão sendo convidados para uma audiência pública sobre os pedágios. A movimentação será em Encantado. Na pauta, o aumento da tarifa, o retorno em manutenção e conservação, novas obras, e, principalmente, o afastamento da EGR dos Corepes. O encontro será no dia 13, às 20h, na câmara de vereadores.
Só ajuda quem não atrapalha
O debate sobre os aplicativos de transporte é um grande momento para percebermos a dimensão do nosso atraso. Dificultar um serviço tão bem quisto pela sociedade, como o Über, foi a forma que nossos agentes públicos encontraram para justificar nossa descrença com a classe política. Menos mal que o recuo garantido com três emendas evitou desgaste ainda maior. Mas ficou claro, de antemão, que não atrapalhar é a melhor forma de ajudar.
Nem sindicância, prefeito Caumo?
Passados quase quatro meses de uma grave denúncia contra a empresa de recolhimento de lixo que atua em Lajeado – referente ao serviço prestado por essa em Estrela –, nenhuma sindicância interna foi aberta para verificar, por exemplo, se os documentos apresentados durante o processo licitatório estavam de acordo com a realidade.
Em Estrela, por exemplo, o Ministério Público garante que não. Cita, o promotor, que, além de ter havido a inclusão de “laranjas” no quadro societário da empresa, os empresários também teriam prestado informações falsas à Junta Comercial do RS para conseguir competir na licitação. O silêncio impera, também, no Legislativo de Lajeado.
Tiro curto
– O chefe do Setor de Projetos Especiais de Lajeado, Isidoro Fornari, é pré-candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PP;
– A Escola Estadual Otília Correa de Lima, de Lajeado, enfim, conseguiu reformar as calçadas internas. Para tal, foi preciso realizar uma série de ações comunitárias, como a venda de cachorro-quente. Teve que ser assim, já que o nosso Estado…
– Ex-presidente do DEM de Lajeado, Fábio Fraga está no processo seletivo do Partido Novo para concorrer a deputado estadual;
– Em Cruzeiro do Sul, contribuintes perguntam: para onde foram as mesas retiradas da Casa do Morro?
– Já em Estrela, servidores da Educação que receberam folga no horário normal de trabalho para atuarem em eventos que acabaram sendo cancelados não querem perder o vale-alimentação dos dias não trabalhados;
– A Sthas de Lajeado quer garantir o financiamento de mais 300 apartamentos populares. Entretanto, não serão concentrados em um só bairro, como os residenciais Novo Tempo I e II;
– A Secretaria de Agricultura de Arroio do Meio e a Emater reiniciaram o Programa Municipal de Controle dos Borrachudos. Outra praga que atrapalha o nosso turismo;
– A fraude das multas ambientais em Lajeado, no governo passado, deve ter efeito cascata: além de investigar a Secretaria de Meio Ambiente, a Polícia Civil deve verificar ações realizadas pela Secretaria de Planejamento.
Boa quinta-feira a todos!
“Para viajar basta existir.”
Fernando Pessoa