Leite de cabra ganha espaço no mercado

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Leite de cabra ganha espaço no mercado

Produtores apostam na venda do produto in natura, iogurtes e queijos. De qualidade nutricional, conquista consumidores e gera renda para as famílias. Preços variam entre R$ 8 e R$ 100.

Leite de cabra ganha espaço no mercado

Os derivados do leite de cabra são cada vez mais procurados. Produtores estimam que o país produza apenas 20% do que consome nesse segmento. A Cabanha Rancho das Cabras, em Taquara, é a primeira agroindústria do estado legalizada e apta a vender leite pasteurizado, iogurtes e queijos.

A propriedade é referência porque cuida de toda a cadeia produtiva: produz todo o alimento que as cabras consomem, faz a ordenha mecanizada, tem um laticínio para o processamento do leite e ainda vende e entrega os produtos.

Eles são apresentados em três tipos: leite pasteurizado, iogurtes não adoçados e com polpa de frutas e queijos variados e finos, como o boursin (cremoso e temperado com ervas), o feta (grego, na versão com apenas leite de cabra, ao contrário do tradicional, que é com leite de cabra e de ovelha) e o queijo curado fresco e meia-cura. “Tudo sem conservantes nem corantes ou essências”, destaca a proprietária Cláudia Almeida.

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Há cerca de dois anos, os produtos eram fornecidos a uma empresa do Rio de Janeiro. Depois do término da parceria, a cabanha teve que procurar outras alternativas para manter o comércio. “Mudamos de posicionamento e começamos a produzir, além do próprio leite de cabra, queijos e iogurtes. Foi a decisão mais acertada que tomamos”, afirma.

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O sítio, onde hoje mantém um plantel de 120 animais, 80 em lactação, foi comprado para lazer. No entanto, a violência em Canoas, onde mantinham duas lojas, foi um dos fatores determinantes para iniciar a criação. “Minha filha rejeitou o leite de vaca e só tomava de cabra. De olho nesse nicho de mercado, resolvemos apostar na atividade”, destaca.

Por semana, são produzidos em média dois mil litros de leite. Embora a produção de leite das cabras seja menor, o preço pode ser até dez vezes maior e o custo é bem mais baixo. Entre os desafios, Cláudia cita a necessidade de aumentar o consumo e destacar os benefícios do leite e derivados. “Muitos desconhecem e por isso deixam de comprar”, opina.

Outra meta é elevar a produção e reduzir o preço ao consumidor final. “É um alimento muito nutritivo, mas chega às gôndolas do mercado por um valor elevado. Isso faz com que muitos não tenham condições de comprar”, observa.

Segundo Cláudia, as pessoas precisam conhecer o produto. “Elas ainda não têm o hábito de consumir o leite de cabra. É visto como remédio. Hoje as pessoas que consomem são as que têm intolerância à lactose ou por recomendação de um médico. Ao ingerir o leite, minimizo os efeitos colaterais da quimioterapia”, explica.

Para ela, quando o leite de cabra for, de fato, inserido na alimentação diária das pessoas, haverá um maior crescimento na produção.

Público aprova

Na Expointer, o empreendimento, muito visitado, teve os produtos saboreados por três alunos do Colégio Tiradentes de Porto Alegre, que degustaram o iogurte de cabra. “É muito bom”, avaliou Victor Calcanhotto, 16 anos. “É diferente e está aprovado”, disse Felipe Aprato, 17 anos. Para Angelo Dambroz, também de 17 anos, que frequenta o Pavilhão da Agricultura Familiar faz quatro anos, “os produtos são muito bons”.

Demanda maior do que a oferta 

Segundo a diretora da Caprileite, Aurora Maria Guimarães Gouveia, hoje a demanda por leite de cabras e seus derivados é maior que a oferta, o que faz desse um bom mercado, rentável e em crescimento.

Aos poucos, essa realidade começa a mudar com novos investimentos em genética, alimentação, instalações, reprodução, sanidade do rebanho, além de uma legislação específica à ovinocaprinocultura vêm sendo implantada no país. “O que falta é mostrar e convencer os produtores que se trata de uma oportunidade de negócio. É preciso profissionalizar, organizar a cadeia produtiva, pois essa vem se destacando no cenário brasileiro como uma atividade de grande impacto socioeconômico.”

Entre os empecilhos, cita o alto custo de produção que dificulta a legalização do negócio. Outro obstáculo é o elevado preço dos insumos, cujos valores são muito superiores em comparação com os de bovinos.

Na maioria das lojas, não há itens voltados para a atividade. “Isso reflete em produtos mais caros no mercado.”

Para saber

• A gestação dura 5 meses
• O primeiro cio ocorre aos 7 meses de idade – ideal é ter peso entre 35 e 40 quilos – este período ocorre entre janeiro e junho
• Uma cabra produz em média dois a 4,5 litros de leite por dia – atinge o pico na terceira cria – a partir da quinta, a produção começa a cair
• Dócil e de baixa estatura, quando adulta, a cabra pesa entre 45 e 70 quilos
• A carne caprina apresenta 2,75g de gordura
• Uma cabra com 30 quilos produz carcaças de 12 quilos

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