País amedrontado

Editorial

País amedrontado

Sete mortes a cada hora. O número de homicídios no país bate recorde. Foram quase 62 mil pessoas assassinadas em 2016, um aumento de 4,56%, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nessa segunda-feira. O resultado do diagnóstico contraria…

Sete mortes a cada hora. O número de homicídios no país bate recorde. Foram quase 62 mil pessoas assassinadas em 2016, um aumento de 4,56%, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nessa segunda-feira.
O resultado do diagnóstico contraria uma tendência que vinha desde 2013. Até então, o país estava em um momento de estabilização das taxas de mortes violentas intencionais. No ano seguinte, os números voltaram a crescer e a violência se espalhou por todos os estados.
Pela primeira vez em 12 anos, o número de assassinatos chegou nesse patamar. Uma verdadeira tragédia para o país. O estudo evidencia uma guerra civil travada em quase todas as grandes cidades. Em 14 das 27 capitais, houve aumento das mortes violentas. O mesmo aconteceu nas cidades do interior.
Essa realidade fica ainda mais preocupante quando se percebe que os investimentos públicos em segurança pública diminuem. Conforme o fórum, o gasto com políticas públicas teve uma queda de 2,6%.
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Outro estudo, o Atlas da Violência 2017, também corrobora essa escalada da violência. Mostra que os assassinatos têm uma tendência. A maioria é homem, jovem, negro e de baixa escolaridade.
Esse apontamento mostra como a desigualdade social aproxima o indivíduo da criminalidade. Por mais que grupos defendam maior rigor das leis, mais prisões, porte de armas para o cidadão e até pena de morte, o principal indicador dessa espiral violenta está na falta de oportunidades para a população carente. O país precisa de mais escolas e menos armas. Uma geração de brasileiros está sendo dizimada por causa da desigualdade.
Reverter esse cenário de insegurança e garantir mais tranquilidade à população também depende da união entre poderes públicos e comunidade. Pela análise do diagnóstico, são necessárias políticas públicas coordenadas, integrando os governos federal, estadual e municipal com o Judiciário, polícias, Ministério Público e sociedade civil organizada.
As mudanças são necessárias e urgentes. É preciso pensar a segurança não só como um tema de polícia. Articulação, inteligência e estratégia são fundamentais para romper com o medo e encerrar esse ciclo de violência.

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