Cerca de 140 professores da região continuam em greve. A decisão ocorreu ontem durante assembleia geral e depois do governo do Estado anunciar que os servidores podem voltar a receber os vencimentos em dia, a partir de dezembro.
A execução da proposta depende do resultado bem-sucedido da venda das ações do Banrisul. A operação na Bolsa de Valores ocorre no fim do mês. Para fazer o pagamento em dia, o Estado também aguarda adesão do RS ao Regime de Recuperação Fiscal dos Estados do governo federal.
O Cpers é contrário à venda do controle acionário do Banrisul. O posicionamento resultou na decisão de manutenção da greve. Diante disso, os núcleos se reúnem nos próximos dias para elaborar uma contraproposta.
De acordo com o coordenador do 8º Núcleo do Cpers, Gerson Luís Johann, uma reunião regional deve discutir o posicionamento junto aos professores.
Ele considera que a greve deve ter um desfecho em breve. “Acredito que será possível estabelecer um diálogo e encontrar uma proposta que atenda as reivindicações dos professores.” A greve do magistério iniciou no dia 5 de setembro e completa quase 60 dias.
Proposta do governo
A possibilidade de pagamento em dia, a partir de dezembro, foi o principal item apresentado. O documento foi entregue pelos secretários da Casa Civil, Fábio Branco, e da Educação, Ronald Krummenauer, ao comando de greve do Cpers.
O texto afirma que, caso se confirmarem as condições, o governo do Estado assume o compromisso de fazer o pagamento integral da folha no último dia útil do mês, a partir de 30 de dezembro de 2017.
“Sempre dissemos que não iríamos nos comprometer com o que não poderíamos cumprir. Isso segue valendo, mas estamos otimistas com o resultado da operação do Banrisul e, especialmente, quanto à adesão ao Plano de Recuperação Fiscal”, ressaltou Branco.
No documento, o governo se compromete a retirar de tramitação a Proposta de Emenda Constitucional número 257/16, que altera a data de pagamento do funcionalismo.
Também voltou a prometer não dispensar contratados temporários que aderiram à greve. “Esse é um compromisso que o governo já havia assumido com a categoria e que é reforçado agora”, acrescentou Krummenauer.
Retomada das aulas
O texto pede a retomada das atividades pelos professores e disse manter um canal permanente de diálogo para tratar de questões específicas com a categoria.
“Estamos confiantes no retorno das aulas, para refazermos o calendário escolar de 2017, principalmente nas escolas que ficaram mais tempo paralisadas.”
A reunião teve a participação do deputado estadual e líder do governo, Gabriel Souza, e da secretária-adjunta da Educação, Iara Wortmann.
Greve provoca impasse
A proximidade dos vestibulares e a preocupação com a falta de conteúdo motivam alunos de escolas em greve a pedir transferência. Até o fim da semana passada, mais de 70 haviam sido feitas.
Pais de estudantes da escola Érico Veríssimo seguem mobilizados para pressionar pelo retorno das aulas. Na segunda-feira, o Ministério Público faz a mediação de um encontro entre representantes do 8º Núcleo do Cpers e comissão de pais dos alunos.
Na semana passada, o MP foi procurado pelo grupo para encontrar meios legais para o retorno dos professores à sala de aula. A principal reclamação é quanto ao impacto que a paralisação provoca no aprendizado.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br