Número de homicídios bate recorde no país

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Número de homicídios bate recorde no país

Para presidente da Alsepro, violência é decorrente do aumento do poder do tráfico

Número de homicídios bate recorde no país
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O avanço da violência em todo o território nacional foi confirmado pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública. A publicação divulgada ontem apontou o crescimento nos números da criminalidade, em especial dos crimes contra a vida.

No ano passado, 60,6 mil homicídios foram registrados. O número é o maior da história do país, e teve crescimento de 3,8% na comparação com 2015.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, o Vale do Taquari registrou 35 homicídios no mesmo período.

Presidente da Associação Lajeadense Pró-segurança Pública (Alsepro) e ex-comandante do CRPO Vale do Taquari, Antônio Scussel credita a elevação dos crimes contra vida ao aumento do poder do tráfico de drogas.

Segundo ele, as drogas fazem parte do cotidiano de qualquer município do país, e a saída para reduzir o poder dos traficantes é aumentar punição dos usuários. “São eles que financiam essas facções criminosas.”

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Oficial da reserva da BM, Scussel acredita que uma das principais falhas da lei 11.343, a chamada Lei das Drogas, é não distinguir quem é dependente de quem é apenas consumidor. “Todos são tratados como dependentes, mas existem pessoas que não têm dependência e financiam o tráfico deliberadamente.”

Para ele, se a procura não for eliminada, o tráfico continuará atuando. Lembra que a legislação atual não prevê pena de prisão para quem usa drogas. “É como se fosse uma autorização tácita para consumir.”

Conforme o ex-comandante do CRPO, se a maior parte dos homicídios registrados no país é decorrente das disputas entre facções do tráfico, é descabido não prever punição aos usuários.

Hoje, entre as penas previstas para quem for flagrado com drogas para consumo próprio, estão a admoestação verbal, a prestação de serviços para a comunidade e a internação compulsória. “Essa impunidade a quem financia o tráfico alimenta a violência.”

O anuário aponta o RS como o sétimo estado com maior número de assassinatos. Ao todo, foram 3.260 casos em 2016, crescimento de 8,9% em relação a 2015. Porto Alegre é a terceira capital com maior número de homicídios, com 908 casos registrados no ano passado.

Crimes contra a mulher

Pela primeira vez em 11 anos de publicações, o anuário trouxe dados específicos sobre os assassinato de mulheres. Em 2015 entrou em vigor a legislação nacional que determinou que os homicídios em razão de gênero se tornem agravantes, sendo tipificados como feminicídio.

No ano passado, 533 casos em todo o país foram enquadrados na nova lei. Desses, 96 ocorreram no RS.

Os crimes violentos contra mulheres somaram 4,6 mil casos em 2016 – média de um assassinato a cada duas horas. Os estupros totalizaram 49,5 mil ocorrências, um crescimento de 3,5% em comparação com 2015.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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