Se chamar de Luís Azambuja Júnior, poucos o conhecem. Para os amigos, clientes e conhecidos, ele é o “Chunho”, um dos pioneiros da tattoo na região. Aos 36 anos, já espalhou trabalhos pelo interior da Europa e, no Brasil, o filho da Claudete e do Luís faz escola: o irmão mais novo, Mário, seguiu a mesma carreira.
• Quando você iniciou os trabalhos com tattoo?
Iniciei tatuando por volta de 1997. Era uma época em que a tatuagem na região ainda engatinhava, em passos lentos. Lembro que a divulgação eu mesmo fazia com cartazes colados em postes. Não tinha esse “bum” da internet para a divulgação.
• Qual foi o primeiro contato com a arte?
Lembro que a primeira tatuagem que vi era de um cogumelo com uma meia lua na mão de uma mulher. Aquilo para mim era algo mágico. A forma como um desenho ficava estampado na pele, para sempre.
• E quando decidiu fazer disso a sua profissão?
Nunca pensei nisso. Apenas aconteceu.
• Naquela época, em meados de 1997, havia muito preconceito com esse tipo de arte?
Sobre preconceito, devia existir. Mas tatuagem nunca pretendeu estar no mainstream (termo inglês que designa o pensamento ou gosto corrente da maioria). Sempre foi atitude. Portanto, se houvesse um caso de preconceito, aquilo era resolvido na hora, sem “mi mi mi”.
• As características dos clientes ainda são as mesmas?
A tatuagem hoje segue evoluindo em diversos estilos e materiais. E cada tatuador opta em fazer o que lhe satisfaz. Já tatuei pessoas de 70, 80 anos, também. E tatuar pessoas assim é bacana, porque já têm toda bagagem da vida e às vezes uma tatuagem pode trazer um ar de ousadia, de sentir-se vivo e jovem outra vez.
• Já trabalhou em outros países? Como foi a experiência na “gringa”?
Já tatuei durante cinco verões no interior da Irlanda, e vejo que a tattoo evolui em todo o globo na mesma proporção e qualidade.
• Quantas pessoas você já tatuou?
Bah, não sei. Isso é uma pergunta que um tatuador daqueles bem oportunistas gosta de responder e jogar um número ao vento (risos).
• E quantas tatuagens você tem no corpo?
Eu não sei quantas tattoos eu tenho. Nos braços e pernas, entre 30 e 40.
• Se você não fosse tatuador, seria o quê?
Difícil dizer o que seria, caso a tattoo não tivesse aparecido. Meu avô era meio “professor Pardal”. Eu acho que estaria seguindo no mesmo caminho. Procurando alguma coisa para consertar.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br