“A insegurança é a maior crise”

Você

“A insegurança é a maior crise”

Ex-prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PDT) percorre todas cidades do estado como pré-candidato ao Piratini

“A insegurança é a maior crise”

Pré-candidato a governador pelo PDT, Jairo Jorge esteve em Lajeado nessa sexta-feira, 27. Natural de Canoas, foi prefeito do município em duas gestões pelo PT. Jornalista de formação, Jorge tem 54 anos e já foi pró-reitor da Ulbra e ministro interino da Educação em 2004. Em 2016, anunciou a saída do PT e o ingresso no PDT.

Entrevista

O que te motiva a cogitar a candidatura ao Governo do Estado diante das dificuldades históricas da gestão do Piratini?

Jairo Jorge – Sou pré-candidato e quero ser governador para transformar o estado. Minha geração não pode cruzar os braços diante desta crise que é profunda, mas tem solução. As pessoas de bem não podem silenciar neste momento. Eu me motivo, diante da maior crise do nosso estado, a encontrar soluções inovadoras. Nenhuma delas é simples, mas de nada adianta as soluções convencionais que nos levaram a esse beco sem saída. Queremos ser uma nova via para o RS, cuja principal bandeira é a educação.

Hoje o atraso nos salários do servidores se tornou uma das questões mais críticas da gestão. Como sanar o desequilíbrio fiscal do RS?

Jorge – O atual governo poderia buscar o canal do diálogo e da pactuação. Se escolheu o caminho do confronto com os servidores, que não nos leva a lugar nenhum, é preciso diálogo para implementar as soluções. Em primeiro lugar, reduzir o custeio, focando o estado nas três áreas prioritárias: segurança, saúde e educação. Segundo passo é crescer a receita. Para isso, é preciso incentivar os empreendedores, reduzindo a alíquota do ICMS ampliada pelo atual governo, que resultou na redução do consumo. Temos que fazer uma desburocratização radical no estado, pois não somos competitivos, com isso, os investimentos não chegam. Um licenciamento ambiental demora em média 900 dias para ser emitido no RS, enquanto em SC demora 90 dias e, em São Paulo, 150. O quarto elemento é buscar parcerias público-privadas para obras de infraestrutura necessárias para o estado.

É possível investir na infraestrutura do Estado? Como?

Jorge – Hoje o Estado não tem condições, pois não consegue cumprir minimamente suas obrigações salariais em áreas essenciais como educação e segurança. Por isso, temos que atrair o capital privado e encontrar parceiros para parcerias público-privadas. Precisamos de obras de geração de energia, e hoje temos vários projetos de PCHs parados à espera de licenciamento. Precisamos de obras de saneamento básico e estradas em condições. Para isso, defendo que esses recursos da Lei Kandir sejam usados em um fundo garantidor. Na renegociação atual de dívida, esses recursos são transformados em pó. Para fazer PPP, é preciso um fundo garantidor. Temos R$ 45 bilhões que poderíamos usar para esse fim. É uma solução para sair do impasse da dívida. É preciso estabelecer diálogo com a União e usar esse potencial.

Qual sua opinião sobre a EGR e o impasse em torno dos pedágios?

Jorge – Hoje temos três órgãos que deveriam cuidar das estradas e não cuidam, o Daer, a EGR e a Secretaria de Transportes. Temos que buscar um novo caminho. O pedágio pode ser útil desde que o custo-benefício esteja adequado. Precisamos ter não só a manutenção adequada, mas também investimentos. A população não questiona o pedágio, e sim a falta de investimentos. No modelo anterior, o setor privado ficou apenas com o lucro, algo que prejudicou inclusive a imagem dos pedágios.

Que política seria capaz de melhorar o nosso sistema de segurança pública?

Jorge – Essa é a nossa maior crise. O primeiro passo é a inteligência, tecnologia e dados. Em Nova York, a política de tolerância zero começou com a análise de dados relativos ao dia anterior, assim, as patrulhas eram realizadas nos locais das ocorrências. Por incrível que pareça, no estado não é assim. Segundo passo é a polícia de proximidade, que conhece e está integrada à comunidade. O terceiro é tirando o exército de reserva do crime, que coopta jovens com futuro promissor. Precisamos de projetos sociais, cultura, educação para tirar o jovem do crime. Para isso, precisamos aumentar o efetivo. Hoje temos de cerca de 12 mil a 13 mil homens, e já tivemos 30 mil no governo de Alceu Colares. Temos que, em primeiro lugar, buscar os homens que estão fora da atividade e recompor o quadro conforme as finanças forem melhorando. Mas precisamos também otimizar o efetivo atual com o uso da tecnologia.

O discurso de priorizar educação, saúde e segurança é repetido por quase todos os políticos, inclusive da atual gestão. Porém o descrédito da população está cada vez maior. Por que acreditar em Jairo Jorge?

Jorge – Primeiro pelo que eu fiz na administração de Canoas. Entreguei um legado de 835 obras. Peguei um orçamento de R$ 450 milhões e tripliquei, chegando a R$ 1,7 bilhão. Consegui dinamizar minha cidade, aumentar a arrecadação e realizar obras. Também administrei um orçamento maior que o do Estado quando fui secretário executivo do Ministério da Educação. Tenho uma experiência que avaliza, e ao mesmo tempo vou visitar todas as cidades do RS. Acredito que um governador precisa conhecer profundamente o estado. Estou preparado pela minha história, e estou me preparando. Na minha opinião, a era do marketing acabou. Vamos fazer uma campanha singela, corpo a corpo, cidade por cidade, e vamos apresentar propostas claras e um programa inovador.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais