Uma comissão de pais de estudantes da escola Érico Veríssimo está mobilizada para pressionar a volta às aulas. Ontem à tarde, estiveram reunidos com o promotor Sérgio Diefenbanch para pedir uma solução ao impasse. O grupo alega respeitar o movimento dos professores, mas considera insensata a manutenção da greve. Uma mãe considerou a greve massacrante.
De acordo com a diretora, Denise Sandri Labres, dos 66 professores da instituição, 35 estão em greve. Segundo ela, o grupo definiu que as aulas serão retomadas somente quando mais da metade dos professores optarem por retornar.
Apenas as aulas dos estudantes do 3º ano recomeçaram. Ontem, das seis turmas, quatro haviam voltado. A medida foi adotada para reduzir o impacto nos estudos devido à aproximação de vestibulares e do Enem.
A decisão causou discordância e atrito entre a comunidade escolar. Pais e alunos das demais turmas pedem que a escola seja aberta e que as aulas para os demais também sejam retomadas.
Convencimento
Agora o grupo volta a unir esforços para sensibilizar os professores grevistas a voltar para sala de aula. Na manhã de hoje, eles prometem ir para escola com cartazes para pressionar os docentes.
A mãe Christiana Garcia afirma que todos os pais foram favoráveis ao movimento do magistério no início de setembro, mas agora 99% querem a volta das aulas. “Queremos aula para todos. Não é porque meu filho está no 2o ano, que ele deve ficar em casa. É um direito deles ir para escola.”
Márcia Antoniazzi Finckler é professora da rede estadual, trabalha na escola Moisés Candido e é mãe de aluno. Ela também pede o retorno das aulas. “Fiz greve por dois dias, mas depois que nosso salário foi pago retornei para sala de aula. O protesto é legítimo, mas, além do direito de greve, temos algo maior que é direito de acesso à educação aos estudantes.”
A aluna do 2oano, Bruna Antunes, declarou estar preocupada com o futuro e, aos prantos, implora pelo retorno das aulas. “Nós apoiamos os professores. No início, fizemos uma caminhada a favor deles, mas agora queremos voltar. Eu quero fazer uma faculdade e preciso deste conteúdo que estou perdendo.”
Medidas legais
Para tentar encontrar uma solução, o grupo busca meios legais para reverter o cenário. “Promotor, peço que tome uma providência. A Constituição determina o direito à escola. Tem que existir algum meio de os grevistas retomarem os trabalhos.”, pediu Christiana.
O promotor Sérgio Diefenbach lembrou que a greve é um direito constitucional e o único meio capaz de levar professores grevistas para sala de aula é por meio do convencimento. “A lei nos amarra, mas hoje se eu pudesse ajuizar uma ação faria contra o governo de Estado devido aos prejuízos e à precariedade gerados na educação.”
Na avaliação dele, a situação não pode ser alterada por meios jurídicos, apenas com diálogo, sensibilização e com consenso poderão solucionar o impasse. Diefenbach sugeriu agendar um novo encontro com integrantes do Cpers para estabelecer um diálogo entre ambas as partes. Porém o grupo não considera viável estabelecer esse canal e afirma que o sindicato não leva em consideração o prejuízo aos estudantes.
Força-tarefa
A coordenadora regional de Educação, Greicy Weschenfelder, disse ser ilegal convocar grevistas de volta ao trabalho. “Eu não posso obrigar ninguém a voltar, mas nós podemos fazer um remanejamento. Professores da direção podem ir para sala de aula. Aqueles que estão na biblioteca também. Isso não é o ideal, mas nossa prioridade agora são os alunos.”
De acordo com ela, na região, dos 2,5 mil servidores, apenas 140 estão em greve. Três mil estudantes estão prejudicados. No RS, apenas 2,8% das escolas estão com as atividades paralisadas. “Somos sensíveis à reivindicação dos professores. Um dos principais itens, o parcelamento, foi atendido. A profissão está desvalorizada, mas não é de hoje. Então agora precisamos pensar no nosso aluno.”
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br