Por onde resgatar o valor humano

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Por onde resgatar o valor humano

A sensação e a percepção de insegurança está cada vez maior. Em casa, na rua, no trabalho, no mercado, na escola. Seja onde for, a violência nos persegue. Avança a galope e nos surpreende pela crueldade. Fim de semana, em meio a uma conversa de amigos, a maioria pais com filhos em escolas, chegou-se ao caso trágico registrado na escola de Goiânia na semana passada, que deixou dois alunos mortos e outros feridos.
O que fazer para evitar que os nossos filhos sejam vítimas? Essa era a pergunta que se faziam os pais diante da barbárie goianiense. Levo, assim como centenas de milhares de pais todos os dias, meu filho para o colégio de manhã cedo. O entrego e confio nas mãos dos professores com a certeza de que ao fim do turno estará lá, esperando tal qual o deixei.
Me coloco na pele daqueles pais do João Vitor Gomes e do João Pedro Calembo, ambos de 13 anos, mortos na escola de Goiânia. Afinal, o que levou um colega de classe, também de 13 anos, a sacar uma arma e esvaziar dois cartuchos dentro da sala? Numa sexta-feira normal, da alegria costumeira da véspera do fim de semana, uma notícia aterradora. Mas a surpreendente declaração do Leonardo, pai de um dos Joãos, no dia do enterro, convoca para uma reflexão. “Eu espero que a sociedade e os outros pais o perdoem. O valor humano não tem sido colocado em primeiro lugar. Precisamos resgatar isso como sociedade. Falo como pai do João Pedro, de uma criança que perdeu a vida”, declarou, no momento da despedida do filho.
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Resgatar o valor humano! Em vez de revolta, desespero, ou simplesmente de silêncio, o pai de coração partido dá uma declaração sensata e surpreendente. Penso cá com meus botões o que mesmo ele quis dizer com “resgatar o valor humano”.
Neste momento de instabilidade extrema vivida no Brasil, com tanta notícia e acontecimento abominável, como fazer para resgatar o valor humano? Por onde começar? Na esfera pública, Aécios negociam R$ 2 milhões em propina e, para escapar da Justiça, falam em matar o próprio primo. Tratam da vida como se fosse mercadoria. E, para piorar, acabam absolvidos por colegas, igualmente dissociados dos valores morais e éticos. Como resgatar o valor humano diante disso?
Temer e companhia, para agradar senhores e cupinchas, apresentam uma portaria que traduz um retrocesso colossal sobre o combate ao trabalho escravo no país. A aberração só não é implantada, ainda, por intervenção do STF, que ontem à tarde apresentou liminar que suspende a portaria. Como resgatar o valor humano com um presidente da República que sutilmente tenta facilitar o trabalho escravo?
Aqui no RS, Gravataí se transformou num campo de batalha na madrugada de domingo. Pessoas em festa de aniversário acabam surpreendidas por um tiroteio que mata dois e deixa 33 feridos. Como resgatar o valor humano diante de um Estado que é inerte e lento para retomar os espaços perdidos para o narcotráfico e sucumbe ao poder dos criminosos?
De fato, assistimos atônitos e perplexos aos acontecimentos diários. Quando ouvimos pais como Leonardo falar em resgatar o valor humano, alimenta-se a esperança de que é possível construir uma sociedade melhor e mais evoluída. Ao mesmo tempo, aqueles que têm o poder e a caneta na mão para iniciar o resgate moral insistem em nos desanimar e desacreditar todos os dias.


De olho no turismo

A Amturvales apresenta nas próximas semanas resultado sobre um diagnóstico feito em todos os municípios da região. Nos últimos meses, profissionais percorreram as cidades para fazer um raio X completo daquilo que tem e o que não tem em termos de turismo. Ideia é reunir líderes regionais e representantes de cada município em evento no dia 6 de novembro, na Univates. Além da apresentação do diagnóstico, haverá um painel com debate sobre as oportunidades e as saídas para o turismo regional.


Será desta vez?

Chega a ser cômica a novela em torno da construção da nova sede do Legislativo de Lajeado. Faz dez anos, o assunto está posto à mesa, à espera de uma decisão. Parece que, desta vez, os vereadores estão realmente decididos a pôr um ponto final.
O bom de tantas propostas que se apresentam aos vereadores é que a intenção inicial de aplicar R$ 15 milhões num prédio próprio já foi abandonada. O vereador Waldir Blau assumiu a cadeira de presidente e estabeleceu a nova sede como a prioridade do mandato. Tem pouco mais de dois meses para decidir. Será que vai desta vez?
 

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