Comerciantes tentam barrar mudanças no trânsito

Arroio do Meio

Comerciantes tentam barrar mudanças no trânsito

Proposta do Conselho de Mobilidade Urbana retira estacionamento de parte da via

Comerciantes tentam barrar mudanças no trânsito
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O Conselho de Mobilidade Urbana se reúne hoje para debater as mudanças propostas na rua Gustavo Wienandts. O órgão discute a possibilidade de alterar a circulação de veículos no trecho entre a rua São José e o trevo da ERS-130.

A proposta de mudança foi discutida em duas reuniões do conselho. A ideia era transformar o trecho em uma via de três pistas, uma no sentido rodovia-centro, uma centro-rodovia, e uma exclusiva para conversões à direita. Para isso, o estacionamento de ambos os lados da rua seria retirado.

Proprietário de uma revenda de automóveis instalada faz12 anos na rua, Luis Borguetti, 57, afirma que a alteração traria graves prejuízos para os sete comerciantes instalados no trecho e não resolveria os problemas do trânsito. Segundo ele, os lojistas não foram consultados sobre a alteração.

“Minha esposa até participou de duas reuniões, mas desde a primeira disseram que seria alterado de qualquer forma”, aponta. Para Borguetti, os problemas com o fluxo de veículos no local têm origem na ERS-130, e não na via urbana.

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“Semana passada contei 140 carros, dos quais só dois dobraram. Isso mostra que 99% do fluxo vai parar na rodovia”, aponta. Lembra que a construção de uma elevada na ERS era uma das promessas de campanha do atual governador José Ivo Sartori, mas que não se concretizou. Para ele, essa seria a única mudança capaz de alterar os engarrafamentos no local.

“Quando venho do bairro Rui Barbosa, fico 10, 15 minutos trancado, mas ninguém pensa em acabar com o estacionamento do lado de lá”, reforça. Proprietário de uma loja de informática que funciona no trecho faz 17 anos, Cláudio Friedrich, 56, acredita que o negócio será o principal prejudicado caso o estacionamento seja abolido.

“Tem espaço para duas vagas em frente à loja, e mesmo as pessoas que vão em outros comércios estacionam aqui”, alega. Afirma que o ponto também serve para abrigar veículos de moradores no período da noite e que nenhum dos interessados foi convidado para discutir a alteração.

“Ficamos sabendo de tudo pelos jornais”, critica. Friedrich também acredita que a medida não resolverá o problema do trânsito. Para ele, a mudança foi proposta por pessoas que não conhecem o fluxo de veículos da região.

Clientes do interior

Dona do comércio mais antigo da rua, Nelly Fhür, 84, mantém faz 35 anos um bar no trecho entre a São José e o trevo da ERS-130. Para ela, a mudança na rua significaria o fim de uma clientela fiel, originária de Picada Arroio do Meio.

“São pessoas da localidade do meu marido que vêm para receber a aposentadoria e passam por aqui”, aponta. Segundo Nelly, por serem idosos, os clientes não teriam como ir caminhando até o comércio, o que acabaria colocando em risco a sobrevivência do negócio.

Medida reavaliada

Diante das críticas dos comerciantes à medida, o Departamento de Trânsito realizou uma contagem de tráfego no local. Uma cópia dos resultados foi enviada a todos os dez integrantes da Comissão de Mobilidade Urbana para análise.

De acordo com o coordenador da comissão, Carlos Henrique Meneghini, sugestões dos comerciantes também serão avaliadas antes de decidir o que fazer no trecho. Entre elas, estão a adoção de rotativo e a proibição de estacionamento em um dos lados da via das 17h30min às 19h30min.

Conforme Meneghini, a única certeza é de que o trecho não ficará inalterado. “Podemos não colocar em prática a ideia original, mas precisamos fazer alguma coisa para evitar os engarrafamentos.”

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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