Plano acelera a retirada de vacina

Negócios

Plano acelera a retirada de vacina

O governo estadual prevê que todas as metas do Ministério da Agricultura sejam atingidas até 2018. Isso permitirá que, em 2019, seja decidido pela retirada total da imunização, dando ao estado o status de área livre de febre aftosa sem vacinação.

Plano acelera a retirada de vacina

Uma das grandes discussões do mercado pecuário nos últimos tempos é a retirada da vacinação da febre aftosa em todo o país, tornando o Brasil livre da doença sem vacinação. Hoje apenas o estado de Santa Catarina é reconhecido com tal status.
Um plano estratégico, elaborado pelo governo estadual em parceria com as entidades representativas do setor, busca alcançar esse patamar e prevê que todas as metas do Ministério da Agricultura sejam atingidas até 2018. Isso permitirá que em 2019 seja tomada a decisão de retirada total da imunização, dando ao estado o status de área livre de febre aftosa sem vacinação.

A iniciativa tem o objetivo de reforçar a sanidade do rebanho e ampliar a venda dos produtos derivados de carne bovina no mercado externo, uma vez que vários países só importam de locais que são áreas livres de aftosa sem aplicar a vacina. Desde 2002 o RS tem o status de área livre de febre aftosa, mas com a vacinação. O último foco da doença foi detectado em 2001, no município de Joia.

Líderes encaminharam em Brasília o pedido de inspeção no sistema gaúcho de defesa agropecuária. A auditoria avaliará as condições para uma possível antecipação da retirada da vacina. Conforme o secretário da Agricultura Ernani Polo, o avanço do status sanitário quer valorizar os produtos de proteína animal e abrir novos mercados. “É fundamental os produtores imunizarem de forma correta seus animais enquanto não definirmos a retirada”, reforça.

[bloco 1]

Caso a auditoria seja realizada no próximo ano, por exemplo, já em 2019 o estado poderia deixar de vacinar o rebanho bovino. Assim, a partir de 2021, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) declara o RS com status de zona livre de febre aftosa sem vacinação. “Para pedir a solicitação é preciso estar há pelo menos um ano sem imunizar os animais”, explica.
Para o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, o pedido de antecipação tem efeitos imediatos nas cadeias produtivas. “Vai renovar ânimos e aumentar a disposição do setor com a visualização de novos mercados. Também reforça a importância da responsabilidade compartilhada, pois assim como foi uma decisão de todos depende do trabalho de todos para ser consolidada”, afirma.

Fiscalização das fronteiras

Para o delegado do Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS), João Junior, a medida em termos de mercado é positiva, visto que há uma valorização maior do produto de países com esse reconhecimento. “A retirada da vacina abre um mercado gigante para o Brasil tanto em valores quanto em aumento do comércio”, observa.
Entretanto, um dos pontos principais destacados está na questão da fiscalização, especialmente por causa das fronteiras secas existentes entre os países da América do Sul. O RS, segundo ele, é um dos estados com mais riscos por fazer divisa com Uruguai e Argentina.
Além disso, o especialista alerta também que são necessários cuidados especiais com animais silvestres, entre eles, capivaras e javalis.

“A sanidade é nosso maior patrimônio”

O produtor de leite Anélio Noll, de Forquetinha, segue rigorosamente o calendário de vacinas, entre elas, da aftosa, brucelose e tuberculose. Com um rebanho de 39 vacas leiteiras, destaca a importância da sanidade para conquistar novos mercados e garantir o fornecimento de produtos de qualidade aos consumidores. “Ter os animais sadios, sem doenças, é nosso maior patrimônio. Nossa maior preocupação é oferecer um produto cada vez mais sadio à indústria e isso só é possível quando o seu rebanho está livre de qualquer tipo de doença”, observa.

Último caso da doença foi registrado em 2001, no município de Joia

Último caso da doença foi registrado em 2001, no município de Joia

São mais de 26 anos dedicados à atividade. Neste período, nunca registrou qualquer tipo de enfermidade. Para manter esse status, recebe o apoio técnico de um veterinário na propriedade. Além de ajudar a elaborar a dieta das vacas, mantém o cronograma de vacinas em dia.

Último caso em 2001

Hoje o RS é área livre de febre aftosa com vacinação. O último caso da doença foi registrado em 2001, quando o estado voltou a vacinar o rebanho. Desde então, o Serviço Veterinário Oficial trabalha no aprimoramento de sistema de defesa e vigilância. A criação do Fundesa, em 2005, contribuiu para o cumprimento de uma série de exigências como a informatização das inspetorias veterinárias e a qualificação periódica de técnicos.

A vacinação contra a febre aftosa é fator de restrição para a exportação de carne bovina, suína e de aves para diversos mercados. Países como Japão e Estados Unidos já importam carne de Santa Catarina, que é área livre de febre aftosa sem vacinação.

O Ministério da Agricultura finalizou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, um cronograma de ações previstas para os próximos dez anos que prevê a suspensão da imunização nos estados da Região Sul a partir de 2023. A ideia é antecipar essa suspensão no RS a partir de 2019, após o cumprimento de todas as exigências em 2018.

Acompanhe
nossas
redes sociais