A Uambla respira por aparelhos

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

A Uambla respira por aparelhos

A União das Associações de Moradores de Bairros de Lajeado (Uambla) deveria ser tratada como um patrimônio municipal. Deveria. Mas a realidade de uma das principais entidades comunitárias do estado é deprimente. Atolada em dívidas, com uma sede sucateada, coberta de mofo, e com pouco interesse coletivo para assumir o controle das ações, a Uambla respira por aparelhos.
O enfraquecimento coincide com a perda da principal receita da entidade durante anos: o estacionamento rotativo. Desde o fim da concessão, e o consequente esvaziamento dos cofres, o interesse dos lajeadenses em assumir a ponta da entidade foi pelo ralo. Algo difícil de entender, já que a união deveria ser um propulsor, apenas, do trabalho voluntário.
Se em 2011 a eleição para diretoria foi parar na Justiça, tamanha era a sede pelo poder, este ano apenas uma chapa – montada às pressas, e até ontem à noite indefinida – está inscrita para tomar conta da união pelos próximos dois anos. Isso se a entidade ainda existir até 2019…
Só para se ter uma ideia, em outubro de 2013, exatamente, a arrecadação diária nas 64 quadras onde atuavam os cobradores da Uambla era próxima de R$ 3 mil. A entidade gerava cerca de R$ 75 mil por mês. Os números, na verdade, nunca foram muito fidedignos. Afinal, as prestações de conta nem sempre foram levadas a sério pelo poder público. Mas haviam receitas. E não eram poucas.
Hoje a entidade só coleciona dívidas. São mais de R$ 100 mil com o INSS e quase R$ 300 mil só em uma ação trabalhista movida por um ex-funcionário da Rádio Legal. Ação responsável, inclusive, por um dos momentos mais constrangedores da história de décadas da união.
Em dezembro de 2014, caminhões estacionaram em frente à sede, na rua Bento Gonçalves, para recolher computadores, impressoras, balcões, cadeiras, geladeira, bebedouro, mesas, divisórias e outros materiais de escritório. Tudo penhorado pela Justiça para cobrir o rombo financeiro causado pela ação trabalhista. Se o fim já era próximo, esse golpe quase aniquilou a associação voluntária.
Mesmo assim, e graças à perseverança de quem seguiu no comando da já quebrada entidade, a Uambla se manteve aos trancos e barrancos . A Rádio Legal, instrumento tão importante para nossas comunidades, carentes de praças públicas, linhas d’água, melhoramento no transporte urbano, terraplanagens em vias emburacadas e tantas outras angústias, milagrosamente segue no ar. Fosse um veículo de comunicação normal, já teria fechado faz anos.
Aliás, a Rádio Legal é a única ligação entre a vida e a morte da Uambla. Isso porque o CNPJ da primeira ainda está ligado à segunda. Não fosse isso, a União das Associações de Moradores de Bairros de Lajeado já estaria limitada a documentos, reportagens e outros documentos do passado. Aliás, para seguir atuando, a união se “esconde” sob a alcunha de outro CNPJ, denominado Centro de Apoio às Associações de Bairros de Lajeado.
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A eleição desta noite até pode ser um alento. Mas é inevitável, também, não prestar atenção na pouca participação de jovens no pleito. Entre os 34 presidentes das associações de moradores, da mesma forma. Nada contra os mais experientes, claro. Mas tudo contra o desinteresse dos mais novos.
Isso porque eu considero fundamental a formação de associações comunitárias ou qualquer tipo de atividade cooperativa em que se possam buscar soluções em nome de todos os participantes dessa sociedade. Sem isso, seguiremos reféns dos agentes públicos. Seguiremos reféns da boa vontade dos políticos, reféns das precariedades do poder público, e da ineficiência de um modelo de gestão que, por vezes, serve para beneficiar compadres, amigos e empresas parceiras, todos em detrimento da nossa sociedade.
Não há dúvida de que os movimentos comunitários são imprescindíveis à libertação das comunidades oprimidas. Tal ação comunitária é essencial para a independência dos mais fracos. O desenvolvimento de base é necessário para conscientizar a população de seu poder nas decisões das autoridades governamentais e, principalmente, na aplicação dos recursos sociais do município.


Aécio, Temer e as panelas

O país não está passivo ou anestesiado. Está em profunda instabilidade. A decisão do Senado de manter o mandato de Aécio Neves, do PSDB, após as provas filmadas, não surpreende. O sumiço das panelas e das camisetas da CBF pedindo o fim da corrupção tampouco. Logo será a vez do presidente ilegítimo, Michel Temer, ser novamente anistiado pela mesma corja a qual pertence. Os homens da mala dominaram o país. “Com o Supremo. Com tudo”. E as panelas ajudaram.


Falsificação de assinaturas

As fraudes em processos de multas ambientais da Secretaria de Meio Ambiente de Lajeado ganham novos capítulos. Extraoficialmente, a sindicância investigatória do governo municipal já sabe quem falsificou assinaturas entre 2014 e 2016, em trâmites que avaliavam recursos apresentados por empresas e contribuintes. A pessoa que fraudou já assumiu. Resta saber qual teria sido a participação de quem foi beneficiado com a anulação das multas.


BR-386 às moscas. Estratégia ou desleixo?

É trágica a situação da BR- 386. A rodovia federal tem quase 90 quilômetros só no Vale do Taquari. Está toda emburacada. O Daer realiza um pequeno serviço de tapa-buraco em um trecho de pouco mais de dois quilômetros. E é só. O resto será vítima do abandono, ao menos até janeiro de 2018, conforme informações do próprio Dnit.
Nessa situação, de completo descaso e falta de perspectivas, até um pedágio de 7 pilas parece bom. Mas não é. Não podemos nos iludir e concordar que o governo – logo esse governo – venha nos dizer que falta dinheiro para manutenção de nossas rodovias. Ora. Se não falta recursos para comprar parlamentares por meio de emendas criminosas, não pode faltar dinheiro para asfalto.


Tiro curto

– Em 5 de abril, a Câmara de Vereadores de Lajeado recebeu, de uma imobiliária local, proposta para comprar o prédio da Acvat. O imóvel estava avaliado em R$ 6,5 milhões. As condições de pagamento eram: R$ 500 mil de entrada e saldo em 48 parcelas de R$ 125 mil. Ontem, o corretor reencaminhou a oferta;
– O presídio de Arroio do Meio é destaque no RS. Em 14 anos, apenas uma fuga;
– Ao que tudo indica, o PMDB de Lajeado tentou, sem sucesso, fazer com que uma ala do PSDB – contrária ao governo de Marcelo Caumo (PP) – vencesse o pleito para a nova diretoria dos tucanos. No sábado da eleição, que ocorreu na sede do Legislativo, pelo menos dois vereadores peemedebistas estavam bastante dedicados nessa missão;
– Segundo denúncias, a área interna do Porto de Estrela vem sendo utilizada para criação de gado de corte. A justificativa: manter o local limpo;
– Diversas casas do Parque Histórico de Lajeado foram arrombadas nesta semana. O local, aliás, carece de um melhor aproveitamento;
– CCs x concursados: em Estrela, servidores efetivos do governo afirmam que ao menos um CC estaria usando carro oficial para ir almoçar em casa. Tal fato estaria ocorrendo na Secretaria de Obras, mas é bastante comum, também, em outras cidades da região;
– De acordo com o famoso “impostômetro”, os brasileiros já pagaram R$ 1,7 trilhão em impostos em 2017.

Boa quinta-feira a todos!

“Virtude sem caridade não passa de nome.”
Isaac Newton

 
 

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