Susane Elise Giongo, natural de Roca Sales, segue a trajetória do pai e atua faz quatro décadas como professora no Colégio Alberto Torres (CEAT). Filha de professores, é apaixonada pelo que faz e acredita na educação para transformar vidas.
• Há quanto tempo você é professora?
Comecei em 1978 como estagiária e fui morar dentro da escola. Trabalhei anos com matemática e depois me descobriram como professora de ensino religioso. Sou filha de professores comunitários. Me sinto honrada em seguir essa profissão.
• O que mudou desde que você começou a lecionar até hoje?
A internet é um instrumento pedagógico, como qualquer outro. O lápis ou o giz podiam fazer tantos estragos quanto a internet. O que mudou foi a velocidade e a abrangência. Hoje pais e professores precisam ficar mais atentos. O aluno tem potencial independente da ferramenta. Ser professor é se doar inteiramente, estar envolvida de forma emociona e por inteira.
• O que você considera o motivo para diminuição do interesse de ser professor atualmente?
O sonho de ser professor não acabou. Vejo isso nas atividades, quando desafiamos os alunos, em sala de aula, a um ensinar o outro. Eles adoram. A gente aprende quando ensina. Um professor aprende sobre um conteúdo quando ele começa a ensinar. A desvalorização, em relação ao próprio salário, está interferindo na escolha pela profissão. Quando comecei a trabalhar, muitas professoras lecionavam mas não dependiam deste salário. Hoje, quem quer ser professor precisa sobreviver dessa fonte de renda, e isso é quase inviável.
• Quais são as vantagens em ser professor?
Você está sendo alimentado todos os dias com energia. Precisamos estar cientes que não estamos lá para transmitir conhecimento, é mais do que isso. É necessário estabelecer um vínculo com os estudantes, somos responsáveis pela autoestima. É gratificante saber a importância que temos na vida deles. O professor deve começar por ele mesmo a ver a grandeza do seu trabalho.
• E as desvantagens?
Você passa o dia todo rodeado de pessoas. Isso não é ruim. Mas você leva os anseios dos alunos para casa. Isso exige um preparo emocional muito grande. Não é uma desvantagem, mas é um desafio. A busca por equilíbrio emocional é um exercício diário.
• O que o professor precisa saber e fazer de mais importante?
Olhar, ouvir e sentir o teu aluno. É necessário usar os cinco sentidos, ser humilde, sério e respeitar as limitações. É necessário proporcionar liberdade, mas com responsabilidade. Tentar falar a mesma linguagem, mas ao mesmo tempo ser o adulto da relação.
• Qual conselho você daria aos demais professores?
Reconstruir a autoestima e se conscientizar sobre seu valor na sociedade. Sempre ver a família como uma aliada. Escola é mais que conhecimento, é estabelecer relacionamento.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br