O apartamento 404 do Edifício Residencial e Comercial Terrabela, na rua Pinheiro Machado, passa por reforço provisório na estrutura. Os reparos são necessários para garantir segurança na estrutura do local. O prédio permanece interditado. Segundo o engenheiro responsável pela obra, a liberação deve ocorrer até o início da próxima semana.
Os moradores estão impedidos de acessar as residências desde quarta-feira depois de uma explosão no quarto andar. O sinistro teria sido provocado por um vazamento no sistema de gás central. O morador Rodrigo César Aresi residia no local faz cerca de seis meses e foi vítima de uma explosão.
Aresi teve 78% do corpo queimado e está em estado grave, sedado e na ala de isolamento do Hospital Cristo Redentor. A remoção dele ocorreu na noite de quinta-feira, 12, para Porto Alegre quando houve liberação de leito.
A mãe não estava no local no momento da explosão. Mãe, pai, irmão e cunhada acompanham a evolução do quadro na instituição em Porto Alegre. Conforme a prima Ana Paula Machado, 35, Aresi corre risco de morrer devido à gravidade da situação.
Ana Paula reclama na demora da remoção e diz que a família não teve orientação necessária da direção do Hospital Bruno Born (HBB). “Nós não sabíamos mais o que fazer. Uns diziam para nós que tinha leito. No HBB diziam que não tinha.”
Por outro lado, o coordenador de projetos especiais de Lajeado, Izidoro Fornari Neto, afirma que a liberação de leito foi obtida apenas na tarde de quinta-feira, depois de uma articulação direta com o Grupo Conceição.
A informação é confirmada pela direção do grupo Hospitalar Conceição. De acordo com a instituição equipe médica ficou em contato permanente com os profissionais do HBB até garantir leito ao paciente.
Interdição continua
O prédio segue interditado. De acordo com o delegado que investiga o caso, Juliano Stobe, o laudo da perícia ainda não foi concluído. Na próxima semana, moradores do prédio, do quarto andar serão ouvidas, aqueles que sentiram cheiro de gás e o engenheiro responsável também serão chamadas.
A Polícia Civil pretende verificar documentos como o Plano de Prevenção de Combate a Incêndio (PPCI), manutenção do sistema de gás e análise das imagens do sistema de videomonitoramento.
Informações preliminares dão conta que o prédio não tinha PPCI. Dado não foi confirmado pelos Bombeiros.
Sem danos na estrutura
De acordo com o engenheiro responsável pelo prédio, o apartamento atingido pelas chamas terá de passar por uma reforma completa, além de reforço definitivo na estrutura. A análise não aponta risco de colapso aparente na estrutura do prédio.
Medo e transtornos
Na tarde de sexta-feira, moradores se concentraram em frente ao local para passar no apartamento e pegar itens necessários. A mudança repentina na rotina e o susto incomodaram moradores.
Dorni Dullius, 66, foi uma das moradoras que teve que deixar a residência. Ela era proprietária e morava no quinto andar. “Levei um susto. Quando ouvi a explosão saí correndo e chorando pelas escadas. Quando chegamos na rua, ligamos para minha filha. Eu e meu marido estamos provisoriamente na casa dela, no Bairro Florestal, mas quero voltar o quanto antes.”
Camila Coutinho alugava apartamento faz dois anos no prédio. Segundo ela, a situação está terrível. Ela precisou sair de Lajeado para ter onde ficar. “Estou na casa do meu namorado em Estrela. Estou desde quarta-feira gastando em deslocamento e alimentação. Essa situação abalou meu orçamento.”
Camila conta que no dia da explosão sentiu cheiro de gás, quando chegou em casa. “Verifiquei se era no meu apartamento, mas não tinha cheiro, logo depois aconteceu a explosão no andar de baixo.” De acordo com ela, essa foi a primeira vez que havia percebido cheiro.
Entrevista
Maiores chamados ocorrem em condomínios
Segundo o soldado do corpo de Bombeiros de Lajeado, Cássio Luiz Brito, o trabalho de prevenção a incêndios desempenhado pelo órgão tem reduzido o número de chamados e problemas com vazamento de gás no município. Maior problema ocorre em ocupações multifamiliares, condomínios.
A Hora – O corpo de bombeiros recebe muitos chamados devido a problemas com vazamento de gás?
Cássio Luiz Brito – Nos últimos anos o número caiu. Isso se deve a um trabalho de orientação desempenhado pela equipe de prevenção a incêndios. Os maiores chamados são oriundos de residências multifamiliares. As pessoas identificam o problema e nos chamam. Nas casas, o problema é identificado e resolvido de forma mais prática pelos moradores.
Os sistemas de gás central passam por vistoria periódica?
Brito – Sim. Todos os prédios com o sistema passam pela vistoria da concessionária que abastece o fornecimento e pelo síndico. É difícil ocorrer vazamento na tubulação. Normalmente, nesses casos, o gás vaza pelas válvulas.
Explosão pode danificar estrutura do prédio?
Brito – O impacto maior ocorre no local atingido e não deve danificar a estrutura. A destruição observada se deve ao deslocamento de ar causado no local.
Como proceder quando identificar vazamento?
Brito – Não acender a luz ou qualquer objeto que possa gerar faíscas como fogão, isqueiro, cigarro, entre outros. Procure abrir as janelas e portas para ventilar o espaço e remover o gás do ambiente. Desligar a válvula de gás. No caso dos botijões, a válvula pode ser removida. Um sistema interno impede que a substância saia do botijão. Chamar os bombeiros, imediatamente.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br