Moradores do Edifício Residencial e Comercial Terrabela, na rua Pinheiro Machado, no centro, viveram momentos de terror. Por volta de 1h dessa quarta-feira, foram acordados com o barulho de uma explosão, seguida de incêndio. O sinistro atingiu o apartamento 404, do quarto andar, e teria sido causado pelo vazamento de gás. Rodrigo César Aresi, 32, e a mãe residiam no local faz cerca de seis meses.
Cuidadora de idosos, ela estaria trabalhando no momento, mas o garçom chegava do emprego. Ao abrir a porta, e acender a luz, a explosão. Vizinhos relatam que queimaduras graves podiam ser vistas em todo o corpo. Ele foi levado ao Hospital Bruno Born (HBB), onde permanecia na UTI até ontem à tarde.
Segundo o primo da vítima, Marcio Machado, a família conseguiu um leito no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. A transferência ocorreria ainda ontem. Aresi teve 78% do corpo queimado. O estado de saúde era grave, e o risco de morte era alto, afirma o primo.
Minutos antes da explosão, o síndico do prédio, Antenor Dullius, havia sido chamado pelo vizinho de Aresi, Giovane Giovanella, para fechar o registro do gás no quarto andar. Ele sentiu o cheiro ao chegar em casa. Ao verificar os aparelhos, constataram o problema no 405. Fecharam o registro e voltaram para as residências.
“Já estava mais tranquilo pelo fato de ter parado o cheiro. Fui ao banheiro. Quando saí, explodiu. Caí no chão e logo entendi o que tinha acontecido”, lembra Giovanella. A força da explosão arrombou as portas de todos os apartamentos do mesmo andar, além de entortar a porta do elevador.
Odor permanente
Outra moradora do quarto andar também sentiu o cheiro do gás. Ela chegou de mudança na terça-feira, e durante o dia percebeu o forte odor. À noite, pediu ajuda a uma vizinha, mas o problema continuou. Ela chegou a ouvir o barulho do gás vazando no registro.
Quando o incêndio iniciou, ela e o marido estavam dormindo. “Tinha muita fumaça. Estávamos desesperados.” No apartamento de Aresi, o fogo teria consumido todos os móveis. As paredes se despedaçaram e partes do teto e do chão se quebraram.
Moradora do quinto andar, Amanda Riedel, 26, assistia à televisão no momento da explosão. O sofá onde estava balançou. Olhou pela janela, viu fogo e decidiu sair do apartamento. “Parecia o barulho de uma bomba. Foi horrível.” Pelas escadas, encontrava os vizinhos e via o desespero de cada um. “Todos os apartamentos ficaram sujos, molhados, o cheiro estava horrível”, afirma.
Mãe e filha, Gladis e Gabriela Radaelli recebiam a visita da mãe e do irmão de Gladis, e saíram sem nenhum pertence de casa. Elas moram no quinto andar, e temiam furtos, mas precisaram se abrigar na casa de um parente. “Não tem como ficar aqui, nem sei se quero mais”, lamentou Gabriela. Elas moram no local faz três anos e meio, e o cheiro de gás seria recorrente, sobretudo na garagem.
Situação confirmada por Amanda. Mas negada por Dullius e outros moradores que não se identificaram. O síndico afirmou que a última manutenção do gás foi feita há cerca de seis meses. Na vistoria, não houve constatação de problema.
Atendimento e perícia
O Corpo de Bombeiros chegou ao local por volta da 1h30min. As chamas foram contidas somente três horas depois, às 4h30min. Ontem à tarde, representante do Setor de Engenharia do Instituto Geral de Perícias (IGP) foi ao local. Moradores foram chamados para abrir os apartamentos. Desde a explosão, a maioria não tinha voltado ao local. Durante a perícia, um botijão de gás foi encontrado no apartamento da vítima, apesar do prédio ter gás central. O perito fez fotos, e não deu prazo para encaminhamento do laudo à Polícia Civil. O engenheiro estrutural da obra vistoriou os apartamentos ao fim da tarde com a presença dos moradores, e decidiu não liberar o retorno, por tempo indeterminado. Eles deverão permanecer fora de casa até que reparos sejam feitos no prédio.
Estrutura nova
Segundo o sócio-proprietário da administradora do prédio, Ricardo Mafaciolli, o imóvel foi concluído na metade de 2013, quando foi feita a instalação do gás central por uma empresa contratada pela construtora. Com cinco pavimentos – o térreo comercial – tem 28 apartamentos residenciais, e cerca de 45 moradores. O apartamento de Aresi tinha um quarto e 40 metros quadrados.
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br