Frente ao resultado e à exposição mundial do plebiscito catalão, sobre a independência da Catalunha em relação à Espanha, voluntários do movimento O Sul é o Meu País aproveitam o debate aberto sobre processos separativos para promover uma nova consulta neste sábado. A pergunta é: “Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”.
Na região, a votação ocorre em 38 cidades. Ao todo são 74 urnas. Nos três estados, estima-se que haverá votos em 900 cidades, com 3.043 urnas. No geral, são mais de 30 mil voluntários envolvidos no processo.
Ainda que não tenha valor legal, pelo fato de o plebiscito não ter sido aprovado pelo Congresso, os organizadores almejam conseguir mais de um milhão de adesões pelo “sim”.
Com o resultado, o grupo pretende pressionar o parlamento nacional para, em 2018, conseguir fazer um plebiscito oficial junto com a eleição presidencial. Em entrevista concedida à Rádio Independente, um dos líderes do movimento no RS, o advogado Ivan Feloniuk, reforçou que já a partir deste sábado os voluntários do Plebisul iniciam a redação de um projeto de iniciativa popular para ser encaminhado às assembleias legislativas dos três estados.
Pela lei, para tornar válida uma iniciativa como essa, é preciso a adesão de 1% dos eleitores de cada estado. No RS, estima-se que sejam necessárias pelo menos 120 mil assinaturas.
Caso haja avanço nesse processo, com a aprovação dos parlamentos estaduais, o próximo passo seria o encaminhamento da petição à Organização das Nações Unidas (ONU). A partir disso, o órgão poderia exigir o cumprimento da decisão popular.
Estimativa regional
Coordenador do movimento em Lajeado, o técnico em agropecuária, Vitor André Eckhardt, conta que a expectativa é conseguir quatro mil votos pelo sim nas dez urnas da cidade. Ao todo, 25 voluntários atuam nas dez urnas. “Neste ano, estamos mais organizados do que na consulta feita no ano passado. Alguns problemas se repetiram como as desistências, mas esperamos alcançar nossa meta.”
Voluntário em Estrela, o terapeuta Eduardo Klafke estará em uma urna próxima à sede campestre da Soges. Para ele, esse é um momento importante por dar a possibilidade de as pessoas emitirem sua opinião sobre a proposta separatista. “Nossa ideia é formar um novo país, mais democrático e justo.”
Segundo Klafke, um exemplo da disparidade entre os estados está na destinação de recursos federais. “De 2011 até 2016, os três estados do sul destinaram em impostos R$ 800 bilhões para os cofres da União. Mas o retorno é pífio. Nem metade desse montante chegou aos governos estaduais.”
Na opinião dele, o movimento ganhou repercussão com o plebiscito da Catalunha. Como resultado, houve maior exposição sobre os conceitos do projeto separatista. “O movimento na Espanha abriu espaço para o nosso. Cabe ressaltar que os dois são hoje os maiores e mais organizados movimentos separatistas pacíficos do mundo.”
Saiba mais
O movimento O Sul é o Meu País foi fundado no dia 20 de outubro de 1991, no Paraná. A homologação ocorreu em maio do ano seguinte, em Santa Cruz do Sul, RS, durante o 1º Congresso Separatista Sulista;
O modelo de governo é de um sistema parlamentarista municipalista, sem a figura do Estado. O objetivo é a independência do restante do país;
Entre os conceitos está a defesa do Estado Mínimo. Também em abrir parlamentos com vereadores não remunerados.
O grupo criou a moeda oficial. Seria o Pila. As notas homenageiam personagens históricos da Região Sul.
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br | Colaboração: Ezequiel Neiztke