A história do perfil econômico do Vale do Taquari é tema de um livro de memórias. A obra de autoria do fundador do Moinho Estrela, Angelo Domingo Pretto, com coautoria do jornalista Geraldo Hasse será lançada na segunda-feira, às 18h30min, no Instituto Ling, e faz parte das comemorações dos 50 anos do Grupo Estrela.
O livro De um só Grão não se Faz Pão narra a trajetória do legado de uma família de empreendedores. Aos 85 anos, Angelo Domingo Pretto, filho de família de imigrantes italianos, repassa sua vivência às futuras gerações.
A narrativa começa no fim dos anos 30. Na época, seu pai, José Pretto, construiu o primeiro moinho de grão de trigo na comunidade de Xaxim, em Progresso. A importância dele para a localidade, levou a comunidade a denominar a escola com seu nome.

Antonio Pretto com a mulher Deomira e os 12 primeiros filhos: Luiza, Henrique, José, Pedro, Eduardo, Francisco Neto, Dosolina, Fioravante, João Sobrinho, Angelo Sirilo, Amália e Carolina. Nasceriam depois Fiorindo e Abel.
Domingo cresceu naquele meio. Em 1947, com 15 anos, atuou como ajudante de motorista a caminhoneiro-mascate. Com o tempo comandou uma pequena frota cargueira. Em 1967, seguiu a tradição do pai e voltou a trabalhar com moagem de grãos e assumiu o Moinho Estrela, nome que faz homenagem à cidade de origem.
O empreendimento nasceu fruto de uma cisão da sociedade proprietária do Moinho Ideal, de Lajeado. A gestão iniciou em meio ao governo militar, com uma série de dívidas e sem crédito. Segundo e filha de Domingo, Ivete Pretto, as 280 páginas conta momentos que ela desconhecia e deixa registrada a história de crescimento de uma família de empreendedores na indústria moageira.
“Nos últimos anos, o pai começou a reviver essas histórias, contá-las aos filhos e netos. Ele tomou por hábito colocá-las no papel. Quando ficava na praia, tinha muitos momentos de prospecção.” De acordo com ela, a família achou interessante registrar as memórias em um livro. O objetivo é preservar a vivência de Domingo para as próximas gerações.
Para isso, buscaram apoio do jornalista Geraldo Hasse e iniciaram um processo de resgate de manuscritos, documentos e fotos. Visitas foram feitas até Progresso, Lajeado e Estrela e o perfil econômico do Vale foi analisado. “Foi um momento importante para ele. Meu pai é uma das pessoas que fez parte de diferentes períodos da história e da economia do Rio Grande do Sul. Contar tudo isso, trouxe grande alegria para ele.”, destaca.

Um grupo de tropeiros, transportando mantimentos, em viagem com animais carregados por estrada do Vale do Taquari, nos anos 1940. Um dos pontos de busca de produtos era a bodega do tio Serafim Cenci, na Boa Vista, já perto de Barros Cassal.
Para o RS
Com o tempo, Domingo foi agregando mais moinhos. Em 1970, a partir da fusão da Distribuidora Dália com o Moinho Estrela, a sede foi transferida para Porto Alegre. As atividades ficaram centralizadas na Rua Augusto Severo, no bairro São João, em Porto Alegre, antiga sede do Moinho Brasileiro, que passou a ser denominado de Moinho Estrela.
Hoje o Grupo Estrela concentra as atividades em Canoas. Conta com 650 colaboradores diretos e 150 indiretos. O empreendimento é um exemplo e segue a inspiração do fundador com inovações nos processos, estratégias, parcerias e visão de futuro.
Moinho de Estrela
O prédio do moinho desativado em Estrela foi vendido para a família de Joanin Pretto. As instalações foram exploradas com atividade de moagem durante vários anos. Hoje, o prédio está abandonado e se encontra em ruínas.
O grupo
O Grupo Estrela é formado pelas empresas Moinho Estrela, a Panfácil que agrega a fábrica de pães e lanches congelados; a Mesasul, especializada no fornecimento de cestas básicas de alimentação e higiene; e a Presete, do segmento imobiliário. A gestão das empresas é feita por membros da segunda e da terceira geração da família. De acordo com Ivete, apenas um dos seis filhos não atuaram nas atividades. Domingo e os filhos não concentram negócios no Vale e mantém apenas vínculo familiar com a região. De acordo com Ivete, vários parentes vivem na região.
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br