Combater a proliferação do mosquito borrachudo em Teutônia é o objetivo do programa da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e Vigilância Sanitária iniciado no sábado, 30. A ação consiste na aplicação em todos os arroios do município do inseticida biológico BTI (Bacillus thuringiensis var. israelensis). Ao todo, 57 voluntários aplicaram a substância em 153 quilômetros de malha d’água, em áreas urbanas e rurais. Mais aplicações estão programadas para 14 e 28.
Conforme o coordenador da Vigilância Sanitária de Teutônia, Evandro do Canto Borba, o BTI é o produto mais indicado, em âmbito internacional, para diminuir o número de borrachudos, com eficiência também contra o mosquito da dengue. Tendo como base uma bactéria natural, o inseticida é inofensivo aos seres humanos e ao ambiente. “O BTI age destruindo exclusivamente o intestino da larva do mosquito. Nem mesmo os aplicadores precisam se preocupar”, garante.
Borba ressalta o alto custo do litro do produto: R$ 99. No sábado, foram utilizados cerca de 70 litros de BTI, totalizando quase R$ 7 mil. “Isso reforça a importância do envolvimento e da conscientização da população, para que não ocorra o desperdício de dinheiro público”, destaca. Ele explica que evitar o despejo direto de excrementos de suínos e bovinos nos arroios e preservar as matas ciliares são ações que evitam a proliferação do inseto.
Muitos são os problemas gerados pelo borrachudo. Além de causar alergias e irritações, o inseto pica os animais nas propriedades, diminuindo a produtividade nas criações. Com altos índices de incidência do mosquito nas lavouras, os produtores também têm a capacidade laboral afetada. “Produtores já estavam passando óleo diesel no corpo para tentar evitar a picada do borrachudo”, comenta o coordenador da Vigilância Sanitária.
Embora iniciada no sábado, a estratégia era preparada desde o início de maio, quando integrantes das vigilâncias sanitária e ambiental receberam treinamentos da equipe do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs-RS). Em 27 de julho, houve a qualificação dos aplicadores voluntários. Após as três primeiras etapas, uma pesquisa epidemiológica será realizada junto às comunidades para verificar os resultados do programa. Se necessário, novas aplicações serão feitas.
Autorização do Conselho Estadual do Meio Ambiente
Em dezembro de 2016, o A Hora noticiou a suspensão do uso do BTI por parte da administração municipal.
A gestão do ex-prefeito Renato Airton Altmann emitiu medida cautelar devido a alterações na legislação ambiental federal.
Ao assumir o mandato, uma das primeira ações do sucessor, Jonatan Bronstrup, foi pedir ao Conselho Estadual do Meio Ambiente a autorização para recomeçar o programa de controle da proliferação por meio do uso do inseticida.
Acompanhado do secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Gilson Hollmann, Bronstrup recebeu uma resposta positiva. A partir disso, foi possível recomeçar o programa. “O BTI é amplamente utilizado em vários lugares do mundo, e diversos municípios gaúchos estavam utilizando. Se não conseguíssemos a liberação, iríamos decretar calamidade pública”, revela Hollmann. Conforme o secretário, o borrachudo não é apenas um problema do meio rural, mas também da área urbana. “Todas as vezes em que o BTI foi utilizado, ele se demonstrou eficaz”, argumenta.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br
