Liga de Combate ao Câncer muda de sede

Lajeado - Casa Rosa

Liga de Combate ao Câncer muda de sede

Entidade ocupa espaço cedido pela comunidade evangélica

Liga de Combate ao Câncer muda de sede
Lajeado

Aqueles que passam pela rua Alberto Torres, entre a Benjamin Constant e a Júlio de Castilhos, já notam o novo endereço da Liga de Combate ao Câncer de Lajeado. A residência de número 393, que foi pintada na cor rosa por voluntários, deve ser a vitrina da entidade para o público em geral. A mudança do subsolo do Centro Comunitário Evangélico para o novo ponto ocorreu no dia 20 de setembro.

Segundo a presidente, Fabiani Delazzeri, a equipe ainda está se organizando para definir o horário de atendimento ao público. Contudo, está decidido que a venda de artesanatos e o sebo da entidade são atividades que devem ocorrer permanentemente no endereço central. Além disso, essas ações continuarão sendo realizadas em espaço aberto, em frente à Caixa Econômica Federal da Júlio, no segundo sábado de cada mês.

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As voluntárias celebram a possibilidade de ter mais visibilidade da comunidade. Assim como a sala anterior, o novo endereço também é cedido pela Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Lajeado. De acordo com Fabiani, a Liga também tem uma sala no 4o andar do hospital, junto ao Setor de Quimioterapia.

Na casa de saúde, o foco é o atendimento aos pacientes. Além de próteses mamárias, perucas e lenços, o fornecimento de suplementos alimentares é a principal demanda da Liga. “O Estado diz que entrega os suplementos em até 20 dias, mas há pacientes que esperam quatro meses”. De acordo com a presidente, a equipe médica observa que os pacientes pré-cirúrgicos que recebem suplementos diminuem em até dois dias o tempo de internação.

A equipe ainda destaca a importância da proximidade com a população para evidenciar que a entidade atende tanto homens quanto mulheres.

Visitas no hospital e nas casas

A Confraria da Bolacha é outra ação desenvolvida pela voluntárias. Eles produzem biscoitos e montam uma pequena embalagem, que é entregue com uma mensagem de incentivo aos pacientes hospitalares.

Esse simples gesto de gentileza revela a dura realidade de quem enfrenta a doença e todos os problemas decorrentes de um câncer. “Muitas pessoas pedem repetição, pois vêm de outras cidades e não têm dinheiro nem para comprar um lanche. Claro que não vamos conseguir matar a fome de ninguém, mas é um primeiro auxílio”, comenta Fabiani.

Já as visitas residenciais são realizadas nos casos em que a família aceita. Além do apoio psicológico, que muitas vezes parte das voluntárias que já enfrentaram a doença, a Liga também presta auxílio assistencial.

Segundo a voluntária Maria das Graças Vilanova, 69, quando um chefe de família adoece, a primeira medida é parar de trabalhar, e também é comum que o cônjuge tenha de se dedicar aos cuidados com o paciente. Assim, a renda da família fica comprometida. Por isso, a Liga também arrecada alimentos para doação de cestas básicas. “Temos o trabalho preventivo, com palestras e campanhas, e este, assistencial.”

Demetrio é o único homem em um grupo de 44 voluntárias da Liga

Demetrio é o único homem em um grupo de 44 voluntárias da Liga

“Antes eu só queria trabalhar e ganhar dinheiro”

Apesar de ter ficado com sequelas na fala e na coordenação, o aposentado Demetrio Luz ainda vê um lado bom no AVC sofrido em 1991. Depois de ter ficado três anos sem conseguir se comunicar verbalmente e incapacitado de andar, ele deu um novo sentido à vida que conseguiu resgatar. Faz dois anos que veste a camiseta da Liga – e não está nem aí para a cor rosa.

“Antes eu só queria trabalhar e ganhar dinheiro”, admite o ex-vendedor de ovos. O convite para integrar a entidade partiu de uma amiga que se aproximou da Liga após ser diagnosticada com câncer. No início, ele até ficou um pouco perdido, mas não demorou para se enturmar. Casado e pai de duas meninas, já se acostumou a ser minoria entre as mulheres. “A minha mulher e minhas filhas me dão muito apoio”.

De forma geral, ele dedica um dia por semana para o trabalho, e sempre que possível para atividades extras, como a mudança ou na montagem do sebo. É muito útil nas atividades braçais, mas não por uma questão de gênero. “Já pensei em visitar no hospital, mas sou muito emotivo. Em vez de ajudar, vou acabar chorando”. Passados 26 anos desde o AVC, para Luz o voluntariado confirmou a máxima popular: “Aprendi que daqui não se leva nada”, comenta.

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br

 

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