A greve dos professores completa quase um mês nesta semana. Ontem, a escola Gomes Freire, de Teutônia, anunciou adesão ao movimento. A São João Bosco, de Lajeado, também reforça a mobilização.
Com os dois educandários, o Cpers contabiliza a adesão de mais de 35% escolas em toda região. A projeção do sindicato é de ampliar a reivindicação e unificar o movimento com outras categorias que também enfrentam o parcelamento de salários.
A 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) tem números diferentes. Segundo a repartição, sete escolas interromperam as atividades de forma parcial e outras oito estão com 100% do funcionamento paralisado.
De acordo com o presidente do 8º Núcleo do Cpers, Gerson Luís Johann, este é um momento decisivo para a greve. “Agora a categoria precisa colocar toda sua força. O governo está com dificuldade para solucionar esse problema. Nós só estamos parados em virtude da situação que o governo nos impõe.”
Na avaliação dele, esse é o pior momento de toda história para os servidores da educação. Para Johann, muitos profissionais que dificilmente participam das manifestações convocadas pelo sindicato aderiram à paralisação. “As pessoas estão passando dificuldades financeiras e enfrentam situações constrangedoras.”
De acordo com ele, o cenário desencadeia insegurança e problemas emocionais aos professores. O sindicato aponta que a categoria acumula perdas de 28% a 30% no poder aquisitivo do salário desde o início da gestão do governador José Ivo Sartori.
Conforme o presidente do núcleo, o movimento tem apoio de pais e estudantes. “Os professores que não aderiram são questionados pelos alunos. Nosso movimento, também desperta a consciência crítica e o enfrentamento de situações que ferem o direito dos trabalhadores.”
Próximos movimentos
O Cpers deve unificar o movimento com outras categorias, entre elas, servidores da Corsan e CEE que também passam a integrar o grupo de funcionários com salários parcelados. “Pretendemos juntar os segmentos para ter um aceno positivo e uma garantia de pagamento integral dos salários.”
O sindicato também pede abertura dos dados financeiros do Estado. O objetivo é fazer uma análise com economistas sobre a situação financeira. Os auditores fiscais do Estado apontam que existe a possibilidade de pagamento em dia do salários. De acordo com os profissionais, o Estado tem pago de forma adiantada seus contratos e fornecedores. “Estão honrando compromissos que poderiam ser renegociados, mas nos relegam o direito ao salário”, aponta Johann. A intenção é de verificar qual a destinação da arrecadação estadual.
Mudança de pagamento
Na semana passada, o governo do Estado anunciou mudanças na forma de pagamento dos servidores. Aqueles com menores salários teriam o valor integralizado primeiro. Em assembleia na sexta-feira, a categoria decidiu manter a greve. O governo também disse que cortaria o ponto dos grevistas, mas o Cpers ganhou liminar que garante a continuidade da greve e proíbe o corte.
Ontem, em reunião com os coordenadores regionais de Educação, o Estado disse que mantém diálogo e falou sobre os problemas causados pela greve. Segundo a coordenadora regional de Educação, todos os professores tiveram os vencimentos integralizados neste mês.
“Respeitamos o direito à greve, porém, neste momento, nossa preocupação é com o aluno e com suas famílias. Nossa responsabilidade é com eles. Os estudantes têm direito às aulas e a terminar o ano letivo. Além disso, os motivos do Cpers foram atendidos.”
Cássia Paula Colla: cassia@jornalahora.inf.br