Ivonete Suzana Tramontini Teixeira, 64, é assistente social e mora em Encantado. Mãe de três filhos e avó, dedica-se a trabalhos voluntários. Hoje faz parte de um grupo de leigos Scalabrinianos da Paróquia São Pedro.
• Desde quando faz trabalho voluntário? Como surgiu essa vontade?
Eu sempre gostei e me envolvi em trabalhos comunitários, principalmente os ligados à Igreja Católica. Penso que isso já nasce com a gente, faz parte da personalidade.
• A atenção aos migrantes começou quando em sua vida?
Em 1992, a Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos, assim como outras congregações religiosas, abriu as portas aos leigos. Por meio de um convite dos nossos sacerdotes, os leigos passaram a receber formação e informações a respeito das migrações. Confesso que, desde o primeiro momento em que tive contato com o carisma scalabriniano, me apaixonei. Venho de uma família resultado de imigração: do lado paterno, italiana; do lado materno, alemã. Pra completar, me casei com nordestino. Então, não tinha como não me entusiasmar pela causa migratória.
• Qual é o sentimento de realizar trabalho voluntário?
Desde a chegada dos primeiros haitianos e dominicanos no dia 12 de outubro de 2012, a dedicação tem sido integral. Os desafios são muito grandes, mas a satisfação, a alegria e a certeza de que se está vivendo integralmente o “eu era peregrino, estrangeiro e me acolheste” fazem com que tudo valha a pena.
• Quais atividades desenvolvem?
Juntos, nós procuramos fazer tudo aquilo que podemos e que é necessário. Fazemos a acolhida, documentação, aulas de português, acompanhamos as mulheres grávidas fornecendo um pequeno enxoval para o bebê, fazemos visitas, celebração do Natal para as crianças, repassamos doações de móveis e utensílios, alguma coisa de roupas, enfim, esses pequenos cuidados que para quem chega num lugar estranho, muitas vezes sem conhecer a língua, é extremamente importante. Também “emprestamos” nossos ouvidos e coração para escutar; isso parece bobagem, mas saber ouvir quem tem dores, saudades e não tem a família próxima se torna essencial. Não fazemos nenhum tipo de discriminação. Atendemos a todos sem perguntar a religião ou nacionalidade. Cabe aqui ressaltar a grande generosidade da comunidade de Encantado e também a presença de alguns voluntários.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br