“Me transformo quando pego o microfone”

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“Me transformo quando pego o microfone”

Maria Amália Pereira de Almeida, 72, foi cantora profissional por mais de 40 anos. A música sempre fez parte da vida dela. Se apresentava em bandas por diversas cidades. Natural de General Câmara, mora em Taquari desde os 13 anos.…

“Me transformo quando pego o microfone”

Maria Amália Pereira de Almeida, 72, foi cantora profissional por mais de 40 anos. A música sempre fez parte da vida dela. Se apresentava em bandas por diversas cidades. Natural de General Câmara, mora em Taquari desde os 13 anos.
• Como começou o gosto pela música?
Maria Amália – Cantava desde menina. Morava no interior, meu avô tinha fazenda em General Câmara e lá na escolinha gostávamos de músicas gaúchas. Comecei me apresentando com minhas irmãs. Cantávamos canções do Teixeirinha. Quando vim para Taquari, com 13 anos, estudar no Pereira Coruja, comecei a cantar no coral e a professora chegava sempre me pedindo o tom da música. Sempre participei de corais e me apresentava em festivais.
• As pessoas julgavam a senhora por ser jovem e cantar nos bailes. Como lidava com isso? Sofreu algum preconceito?
Maria Amália – Não. Todo mundo me admirava. Como é até hoje. No ano passado, no Carnaval, eu cantei no Alvi Negro com o meu cunhado Iraci Rocha. Fizeram uma noite relembrando o passado e nós cantamos em homenagem aos Uirapurus. Precisava ver a felicidade do pessoal na minha frente. Hoje as pessoas me encontram na rua e ainda dizem “a nossa cantora”.
• Hoje as mulheres conquistaram mais espaço na sociedade. Na sua opinião, houve evolução em comparação com os anos em que a senhora cantava?
Maria Amália – Em algumas coisas, sim, porque antigamente era mais rígido. Tinha mais preconceito. Agora está mais livre. Coisas que não tinha como a mulher trabalhar fora e ajudar em casa. Meu marido, por exemplo, era sargento do Exército e eu morava com ele em Santa Maria. Ele achava que eu não devia trabalhar, que eu tinha que cuidar das crianças.
• Qual o episódio que mais marcou a sua vida como cantora?
Maria Amália – Todo mundo me agradava. Um dia uma senhora de Triunfo chegou e contratou a banda e disse: “Se vocês vierem tocar e não trouxerem ela, vocês não vão tocar”. Também quando eu chegava nos lugares já tinha gente me esperando para dar a mão e diziam: “Eu vim só porque era tu que ia cantar”.
Isso me deixava muito feliz. Tinha meus fãs (risos). Eu recebia até bilhetinhos dos homens. Eu era mais nova e mais bonitinha (risos). Esses dias fui a Lajeado no rodeio. Subi no palco e fui cantar. Queria que tu visse a festa que fizeram. Os rapazes pulavam, gritavam, batiam palmas e os casais também. Com 72 anos, relembrei parte da minha vida. O moço que administrava a festa chegou e disse: “A senhora lá no palco parecia uma moça de 17 anos”.

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