O modelo estabelecido pela autarquia para definir o percentual de aumento dos pedágios descartou a participação popular. Nenhum conselho criado para integrar o grupo de discussão sobre as prioridades regionais teve interferência sobre a autarquia. Foi determinado um aumento de 34,6% por nove integrantes de secretarias estaduais, o novo preço passa para R$ 7 a partir de segunda-feira.
Pela justificativa da EGR, a defasagem varia entre 81% e 88,7%. Sem reajuste desde junho de 2013, investimentos em obras estruturais são inviáveis, alega a direção da empresa. Os percentuais referem-se à reposição da inflação medida pelo IPCA, em cálculo feito pela estatal.
Cálculo duvidoso. Pois em uma simples consulta ao portal do Banco Central, é possível verificar o impacto do IPCA na tarifa de pedágio. A partir disso, do período de junho de 2013 a junho de 2017, a reposição seria de 30,3%. Nesse cenário, o preço da tarifa ficaria em R$ 6,78.
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Outro ponto curioso. Houve uma inversão no formato para definir o preço da tarifa. Diferente do que foi feito para a concessão da BR-386, em que houve audiências públicas com integrantes da ANTT, da Assembleia Legislativa, inclusive com a criação de um grupo de trabalho regional, primeiro se estabeleceu as prioridades da rodovia. Foi feita uma projeção das necessidades, se devem ter duplicações, construção de rótulas, ou apenas manutenção.
No caso da EGR, foi feito o oposto. Primeiro a definição da tarifa, para depois a promessa de investimentos e de obras. O episódio dessa sexta-feira deixa ainda mais latente o fato de que a EGR perdeu a razão de existir. Desde o início do governo Sartori, a estatal foi colocada em xeque.Aos poucos, veio um abandono gradual ao modelo de pedágio comunitário.
Os conselhos comunitários perderam força. Aos poucos, a estatal se afastou dos debates com os grupos regionais. A cada movimento do Piratini, há uma aproximação para o retorno do modelo de pedágios privados. Inclusive o governador deixou essa possibilidade em aberto.
Por fim, o aumento determinado pela presidência da estatal chega em momento inoportuno. Se o próprio Estado não tem dinheiro para cumprir com suas obrigações, o mesmo ocorre com a população gaúcha.
Editorial
EGR perdeu a razão de existir
O modelo estabelecido pela autarquia para definir o percentual de aumento dos pedágios descartou a participação popular. Nenhum conselho criado para integrar o grupo de discussão sobre as prioridades regionais teve interferência sobre a autarquia. Foi determinado um aumento de…