A situação delicada do Hospital São Gabriel Arcanjo, em Cruzeiro do Sul, chegou até a reitoria da Universidade Univates, em Lajeado. Representantes da casa de saúde sugerem a entrega da gestão à instituição acadêmica, como forma de manter os serviços disponíveis e o atendimento à população. A negociação é insipiente, e de difícil concretização, segundo o reitor, Ney Lazzari.
“O Hospital de Cruzeiro do Sul já nos foi oferecido várias vezes. Mas, não podemos assumir papel de Estado. Temos um trabalho relevante na área da saúde, mas não podemos nos empolgar demais, não podemos assumir toda a incompetência do Estado, não temos perna para isso”, resume o reitor.
Os problemas envolvendo o hospital perduram faz anos. Em outubro de 2014, por exemplo, reportagem A Hora mostrava as dificuldades da direção para pagar os salários dos funcionários. Naquela época, o depósito do 13º salário estava ameaçado devido aos atrasos nos repasses por parte do Estado e da União.
Naquele ano, a média de atendimentos era superior a 980 por mês. Desse montante, entre 95% e 98% eram via SUS, e mais da metade dos pacientes permanecia na casa de saúde para dar continuidade ao tratamento. A cada mês, também, era realizados em cerca de 260 exames raios X, 40 internações e 480 baixas para observação.
Para custear todos esses serviços e atendimentos, o hospital recebia entre R$ 95 mil e R$ 100 mil mensais para manter o Pronto Atendimento, sendo R$ 35 mil do Ministério da Saúde, R$ 50 mil do município e o restante por parte do Estado. O município pagava, ainda, os honorários mensais dos médicos plantonistas 24 horas, valor próximo dos R$ 65 mil.
Hoje, de acordo com a secretária de Saúde e Saneamento, Aline Flores, o governo municipal repassa em torno de R$ 200 mil por mês ao hospital. Para os próximos seis meses, entretanto, será feito um acréscimo de até R$ 10 mil mensais. “Isso ficou definido em uma reunião realizada na semana passada, com participação do Ministério Público (MP)”, resume.
Mesmo assim, o governo não esconde a dificuldade financeira para manter tal acordo. Além da Univates, a 16ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) já informou que há uma empresa mantenedora com interesse de gerir hospitais na região. No entanto, o nome dela ainda não foi divulgado.
Reunião com MP na semana passada
Na terça-feira, cerca de 60 pessoas estavam na câmara junto de vereadores, secretários, membros do governo e funcionários do hospital. Eles se reuniram com o promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach, para debater formas de manter a estrutura. O próximo passo será fazer uma avaliação do atual momento financeiro da instituição. Antes disso, duas contas serão abertas em nome do hospital para o depósito de doações por parte de contribuintes.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br