Não houve lugares vagos na Igreja Matriz de Lajeado durante a missa realizada ontem à tarde. Além da bênção da saúde, o evento marcou a celebração dos 30 anos da Pastoral do Idoso. Referência em todo o estado e possivelmente no país, o grupo completa três décadas marcado pelo trabalho de proximidade com a comunidade. São cerca de 600 associados.
Foi fundada em 27 de junho de 1987, quando o padre Silvério Schneider assumiu o cargo de pároco da Comunidade Santo Inácio e aplicou a ideia trazida de Nova Bréscia. Os primeiros a comandar o trabalho foram a irmã Imeldis e Bruno Traesel. Ele visitaram famílias, organizaram núcleos e deram vida à Pastoral do Espírito Santo, mais conhecida como Pastoral do Idoso.
Segundo a presidente da pastoral, Maria Luiza Rockenbach, 74, hoje existem 18 grupos, divididos por toda a cidade. Por intermédio da coordenadora de cada um desses grupos, a pastoral realiza missas e celebrações em residências. São seis eventos desse tipo por semana.
Maria Luiza explica que, apesar de o interesse por esse tipo de ação ter caído em relação ao passado, ainda é comum encontrar casas com até 30 pessoas. Ela ainda destaca que esse trabalho é geral e não é destinado só a idosos que não podem se locomover. Recentemente, por exemplo, fizeram a celebração de 25 anos de casamento de um casal com menos de 50 anos, considerados jovens. “Não contamos as pessoas como idosos. Qualquer pessoa pode participar”.
No grupo desde 1998, a presidente recorda de alguns fatos emblemáticos. Um deles ocorreu ainda quando irmã Imeldis vivia. Após visitar um casal que não havia oficializado a união, a religiosa levou um padre para a residência. “Fizeram o casamento, o batismo dos quatro filhos e a família recebeu a eucaristia pela primeira vez.”
Se nos momentos de festa a pastoral está presente, nas horas mais delicadas não é diferente. Também se dispõe a visitar doentes em casa ou no hospital, onde rezam e levam a hóstia. “Quantos doentes estão à beira da morte e a gente visita até que eles se convertem!”. E quando ocorre alguma morte a pastoral prepara homenagens.
Maria Luiza dedica as tardes de terça, quarta e quinta-feira para fazer as celebrações nas residências. Ela é a responsável pela meditação no evangelho e reza do terço. Além disso, também há um momento livre, em que os presentes trocam experiências. Cada encontro dura cerca de uma hora. “A gente canta, brinca, distrai os idosos. É lindo!”
Com base no que ela já ouviu de pessoas de outras paróquias, acredita que o trabalho de casa em casa é uma exclusividade de Lajeado. “Com trabalho assim, acho que é a única do Brasil. Pelo menos, já fomos felicitados por isso.”. E, apesar do cansaço ao fim do dia, a alegria de fazer esse trabalho voluntário supera a exaustão. “Não recebemos nada, a não ser Deus.”
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br
