O racismo está presente no cotidiano do país. Por mais que se diga que não, existe preconceito devido à cor da pele, episódios de segregação e injúria racial acontecem com uma frequência constrangedora.
No Vale do Taquari, a prevalência de etnias europeias acentua esses comportamentos. Nesta semana, pelo menos dois acontecimentos comprovam essa premissa. Um industriário haitiano foi ofendido por um colega durante o trabalho. E outro. Um cliente chegou a um estabelecimento e refutou o atendimento devido ao funcionário ser negro.
Dois fatos frente a tantos outros. A maioria nem chega ao conhecimento das autoridades. Ainda assim, muitos negam a existência do racismo. Há quem mantenha um discurso de democracia racial. Termo usado por aqueles que negam haver esse tipo de segregação.
Os adeptos dessa ideia afirmam que não há racismo devido à convivência pacífica. No ambiente virtual, uma rápida pesquisa nas redes sociais confirma a presença dessa crença.
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Nos fóruns de debate pela web, basta uma notícia que traga uma constatação de preconceito para reacender que o racismo é uma ilusão. Por vezes, o negro, por ter reclamado de algum comentário pejorativo, é considerado o responsável pelo ato. Como se o racista fosse ele. Essa parte da população repete chavões e dissemina o senso comum. Com argumentos frágeis, mantém o racismo velado como se isso fosse normal.
A própria condição social do negro é outro motivo de segregação. No Vale do Taquari, os afro-descendentes representam 2,4% da população. Estão concentrados nos bairros carentes. Poucos têm acesso ao Ensino Superior e a empregos de destaque.
Basta um alcançar uma posição hierárquica de mais importância para virar case de meritocracia. Como o pesquisador e historiador Leonardo Dallacqua de Carvalho, em artigo publicado no Jornal O Globo, relatou: “Basta chegar no lugar do branco, que ele se transforma em um bicho exótico no zoológico do preconceito. Pinçam esse indivíduo do anonimato para justificar a inexistência do preconceito e desigualdade.”
Por fim, negar o racismo é esconder a necessidade de evolução da sociedade, pois o dia a dia no país, no RS e no Vale é desigual.
Editorial
Convivência pacífica esconde o preconceito
O racismo está presente no cotidiano do país. Por mais que se diga que não, existe preconceito devido à cor da pele, episódios de segregação e injúria racial acontecem com uma frequência constrangedora. No Vale do Taquari, a prevalência de…